Partilha Nossa Página no Facebook Os custos da Independência ~ Canal 82 | Agência de Notícias

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Os custos da Independência



O tempo, às vezes, parece passar a correr numa sucessão de horas e anos, com a voragem do dia-a-dia a fazer-nos esquecer factos que nos ditam a vida e amiúde são sufocados por circunstâncias secundárias.

Dentro de horas, os angolanos, estejam onde estiverem, comemoram o 11 de Novembro de 1975, quando Agostinho Neto, o nosso primeiro Presidente, anunciou, em Luanda, “a África e ao Mundo”, o nascimento de mais uma nação livre das amarras do colonialismo tingidas de sangue, mas também de esperança, determinação e coragem.


Dentro de horas, os angolanos, de todas as idades, recordam aquele anúncio feito pelo poeta que, mesmo nas cadeias do opressor e no exílio, exprimiu, como poucos, o sofrimento do povo a par da esperança de uma Pátria livre e soberana.

A multidão que se concentrou no Largo da Independência, em Luanda, viu pela primeira vez a nossa Bandeira, içada simbolicamente por um pioneiro e um dos heróis do 4 de Fevereiro - o saudoso comandante Imperial - que em 1961 atacaram cadeias de Luanda para libertar companheiros do sonho de liberdade. O aglomerado era de  homens e mulheres de todas as idades, crianças até, algumas levadas aos ombros dos pais, operários, camponeses das redondezas da capital, amanuenses, estudantes, intelectuais, gente anónima da cidade asfaltada e dos musseques. 

Todos eles fazem parte do grupo restrito que naquela noite viram a Bandeira Nacional ser beijada no alto do mastro pelo vento suave de Novembro. A televisão era algo que não tínhamos. Se houve outros angolanos privilegiados estavam no estrangeiro. Mas, as palavras do Presidente Agostinho Neto e o Hino Nacional, ouvido pela primeira vez em público, foram escutados em todo o país pela rádio. 

A partir daquele momento, os angolanos podiam orgulhar-se de ter uma Bandeira e um Hino, que marcavam o fim do capítulo contra as forças do regime colonial e aliados e o início de outro, não menos perigoso e sangrento, contra inimigo idêntico, embora com outra roupagem, mas os mesmos objectivos, a exploração do povo. Os efeitos do armamento pesado dos invasores eram audíveis na capital.

Os angolanos sabiam disso. Luanda naquela noite, como nos dias imediatamente anteriores e nos que se seguiram, correra o risco de ser invadida por mercenários zairenses, portugueses, de várias outras nacionalidades, comandados por um oficial do Exército tuga, o coronel Santos e Castro, que foram obrigados a fugir perante a resistência, inesperada para eles, das nossas tropas. Que da defesa passaram ao ataque. 

Esta determinação e heroicidade dos combatentes angolanos, na salvaguarda da integridade territorial do país, mantiveram-se até à derrota do poderoso Exército da África do Sul - tido na altura como o melhor apetrechado e organizado do Continente - e ditaram o desmoronar do regime do apartheid e a Independência da Namíbia, após o Zimbabwe se ter livrado já do regime racista de Ian Smith.

Desta forma, cumpria-se o desígnio de Agostinho Neto: a luta do povo angolano apenas terminava, quando aqueles três países fossem verdadeiramente independentes. Também a razão de, em 25 de Março de 1969, o MPLA ter optado, para que não restassem dúvidas quanto ao desfecho final da luta que empreendia, pela palavra de ordem “A Vitória é Certa” em detrimento de “Vitória ou Morte”.

Os angolanos preparam-se, uma vez mais, para comemorar em paz o aniversário da proclamação da Independência Nacional. Muitos vão fazê-lo a farrar e têm razões para isso. O momento é de festa, de progresso e esperança na continuação de melhores condições de vida. Os tempos de guerra já lá vão. Mas é importante conhecer a História, os que se sacrificaram para termos este presente. Os que tombaram de armas na mão, penaram nas cadeias e campos de concentração, foram torturados e mortos, nas prisões e fora delas. Os perseguidos, flagelados por todos os ventos adversos. E esse avivar de memórias não pode ser feito apenas nos discursos oficiais, mas diariamente. Principalmente nos estabelecimentos de ensino de todos os níveis e no seio familiar. Para se evitar que daqui a uns anos o 11 de Novembro seja somente mais um feriado nacional, sem escola, nem trabalho, de farra. É aos mais velhos que cabe a missão de explicar aos mais novos “o que custou a liberdade”. Se não o fizermos, corremos o risco de sermos, com propriedade, acusados de contribuir para uma sociedade de ignorantes.



JA

PARTILHA NO FACEBOOK COM AMIGOS...

FRASES DE AUGUSTO KENGUE CAMPOS

AUGUSTO KENGUE CAMPOS

DÚVIDAS DA L. PORTUGUESA

LIVRO: O MISTÉRIO DAS RELIGIÕES (BAIXAR)

MÚSICO, PROMOVE-TE AQUI

MÚSICO, PROMOVE-TE AQUI

PROMOVA TEU EVENTO AQUI...

ENVIE-NOS NOVIDADES

ENVIE-NOS NOVIDADES