O Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu ontem pela primeira vez no Kremlin a líder da extrema-direita francesa, Marine le Pen, e assegurou, a um mês das eleições presidenciais em França, que a Rússia não vai interferir na vida política francesa.
“Não pretendemos em qualquer caso ter influência nos próximos acontecimentos, mas reservamo-nos o direito de dialogar com os representantes de todas as forças políticas do país, à semelhança do que fazem os nossos parceiros europeus ou os Estados Unidos”, declarou o Presidente russo, citado pelas agências noticiosas locais.
A primeira volta das presidenciais francesas está prevista para 23 de Abril, com uma segunda programada para 7 de Maio.
“É interessante discutir consigo sobre a forma de desenvolver as nossas relações bilaterais e a situação na Europa. Sei que representas um espectro político europeu que se desenvolve muito rapidamente”, acrescentou no decurso do seu encontro com Marine le Pen. A líder do partido Frente Nacional abordou por sua vez o tema do terrorismo islamita, manifestando a necessidade de “criar condições mais eficazes para a troca de informações e preservar” a população de ambas as partes desse perigo, de acordo com as informações transmitidas pela comunicação social russa.
A candidata presidencial francesa disse que a França e a Rússia devem juntar esforços para fazer frente à globalização e ao fundamentalismo islâmico que identificou como uma das maiores ameaças mundiais.
Para Le Pen, a luta contra o terrorismo vai ser “prolongada” e defendeu que todos os países devem ter uma estratégia de luta “contra o flagelo” e que as informações devem ser partilhadas para que se possa evitar actos terroristas.
Ludovic de Danne, um conselheiro de Le Pen que a acompanhou, precisou que o encontro se prolongou por uma hora e meia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao ser interrogado sobre o motivo que levou Vladimir Putin a receber Marine le Pen, líder das sondagens da primeira volta da eleição presidencial, assinalou que os encontros com os “opositores” estrangeiros constituem uma “pratica normal.”
A Rússia está disposta a manter relações com os representantes de todas as forças políticas, sejam Chefes de Estado em funções ou representantes da oposição”, declarou aos jornalistas presentes , acrescentando que “é muito importante discutir com as forças políticas que propõem a necessidade de manter um diálogo bilateral” com a Rússia.
A líder da extrema direita francesa inclui-se entre os políticos europeus que propõem uma aproximação com Putin e aprovam a adesão da península da Crimeia à Rússia em 2014.
Marine le Pen disse num encontro com deputados russos em Moscovo que “não há motivo que justifique a actual hostilidade contra a Rússia.” A líder da Frente Nacional sublinhou que o seu partido esteve sempre contra a imposição de sanções contra a Rússia, por causa da crise ucraniana.
“Considero injusto (sanções), e mais: é uma tolice”, afirmou.
“Não acreditamos nem na diplomacia das ameaças nem na diplomacia das sanções que, lamentavelmente é aplicada com cada vez mais frequência pela União Europeia em relação à Rússia”, referiu Le Pen. Marine le Pen já se deslocou por diversas vezes à Rússia, mas esta foi a primeira vez que se encontrou oficialmente com o Presidente Vladimir Putin.
PARTILHA NO FACEBOOK COM AMIGOS...