segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Livro de Hitler Bastante Procurado



“Mein kampf”, o errático manifesto anti-semita que Hitler publicou em 1925, está a esgotar na maioria das livrarias europeias, devido à procura dos consumidores tradicionais dos livros de política e de história.


Com 85 mil exemplares vendidos, a nova edição crítica do livro está a caminho da sexta reedição. A procura do manifesto, que até muito recentemente era literatura proibida na Alemanha, disparou no ano passado.  Caducados, em Janeiro de 2016, os direitos de autor que vigoravam sobre “Mein kampf”, uma nova edição do livro chegou às livrarias pela primeira vez, desde o final da II Guerra Mundial. O editor, o Instituto de História Contemporânea de Munique, anunciou já que, para acompanhar a crescente procura, há uma sexta edição a caminho das livrarias, onde deve estar disponível até ao final deste mês.


A popularidade da nova edição surpreendeu o Instituto de História Contemporânea de Munique. Os números de vendas “esmagaram-nos”, diz o director da instituição, Andreas Wirsching. Mas, acrescenta, são os leitores tradicionais dos livros de história e não os neo-nazis que estão a alimentar este sucesso. “Em geral, os compradores de ‘Mein kampf’ parecem ser leitores genericamente interessados em temas de política e de história, assim como pessoas que desenvolvem actividades de educação política, como professores”, explica o instituto num comunicado de imprensa. “O medo de que esta reedição acabasse por promover a ideologia de Hitler, ou até torná-la socialmente aceitável, dando aos neo-nazis uma nova plataforma de propaganda, revelou-se totalmente infundado”, disse ainda Wirsching, citado pela Agência France-Presse.

A nova edição crítica, de duas mil páginas, é profusamente anotada e comentada por historiadores. Anteriores versões de “Mein kampf” publicadas durante o período nazi estavam repletas de imagens de Hitler e de símbolos nazis como a suástica, mas o novo volume tem uma simples capa branca - a iconografia nazi continua banida na Alemanha, decorridos 72 anos desde o fim da II Guerra Mundial. Perto de 12 milhões de cópias do livro foram vendidas durante a ascensão e a queda do terceiro reich entre 1933 e 1945. Após a guerra, o estado da Baviera assegurou os direitos sobre a obra e impediu com mão-de-ferro a sua reimpressão e distribuição. Mas, quando há um ano, a obra entrou no domínio público, o Instituto de História Contemporânea de Munique decidiu avançar para a publicação de uma nova edição.

 A intenção começou por gerar controvérsia na Alemanha, um país que continua em luta com o seu doloroso passado. Alguns temeram que a distribuição do livro pudesse revigorar pequenos movimentos neo-nazis. Outros viram como um potencial didáctico numa reavaliação do livro feita sob orientação rigorosa. 

“Não nos opomos a que uma edição crítica que contraponha dados científicos às teorias raciais de Hitler esteja à disposição da investigação e do ensino”, disse um líder da comunidade judaica alemã, Josef Schuster, ainda em 2015, pouco antes de expirarem os direitos de autor sobre a obra.

 A ministra da Educação da Alemanha, Johanna Wanka, defendeu a decisão de reimprimir o livro.

Baixar: Mein Kampf adolf hitler

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