segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Cresce o número de meninas noivas em África



Se os níveis actuais persistirem, o número total de meninas noivas em África vai aumentar de 125 milhões para 310 milhões até 2050, segundo o relatório da Unicef “Perfil do casamento na infância em África”.

Este novo documento aponta para taxas de redução lentas, combinadas com um rápido crescimento demográfico, como principais causas do aumento projectado. Em todas as outras regiões do Mundo, as actuais taxas de redução e tendências demográficas significam que haverá menos meninas noivas a cada ano. Até 2050, África irá ultrapassar o Sul da Ásia como a região com o número mais elevado de mulheres entre os 20 e os 24 anos de idade que terão casado na infância.


No continente africano, a percentagem de jovens mulheres que casaram na infância baixou de 44 por cento em 1990 para 34 por cento actualmente. 

Dado que se prevê que a população total de raparigas em África aumente dos 275 milhões actuais para 465 milhões até 2050, são necessárias medidas muito mais ambiciosas, já que mesmo a duplicação da actual taxa de redução de casamentos na infância significaria, ainda assim, um aumento do número de meninas noivas.

Os progressos até agora revelam uma profunda falta de equidade. A probabilidade de uma rapariga proveniente do recanto mais pobre da sociedade vir a casar na infância é tão forte hoje como o era há 25 anos.

Quando as crianças casam, as suas perspectivas de vir a ter uma vida saudável e bem-sucedida diminuem drasticamente, desencadeando muitas vezes um ciclo inter-geracional de pobreza. As meninas noivas têm menos probabilidades de terminar a sua escolaridade, mais probabilidades de vir a ser vítimas de violência e de serem infectadas com o VIH. As crianças de mães adolescentes correm um maior risco de vir a ser nados-mortos, de morrer após o parto ou de ter baixo peso à nascença. As meninas noivas muitas vezes não dispõem das competências necessárias para o mundo do emprego.

De acordo com Anthony Lake, director executivo da Unicef, “por si só, o número de raparigas afectadas e o que tal significa em termos de infâncias perdidas e futuros estilhaçados, sublinham a urgência de banir a prática do casamento na infância de uma vez por todas”.

Os dados também revelam claramente, prossegue Anthony Lake, que, “para acabar com o casamento na infância, é preciso um enfoque muito mais nítido em alcançar as raparigas mais pobres e marginalizadas, que estão mais carenciadas e correm maiores riscos, através de uma educação de qualidade e de um leque de outros serviços de protecção. A sua vida, e o seu futuro, bem como o futuro das suas comunidades, estão em perigo. Cada menina noiva representa uma tragédia individual. O aumento do seu número é intolerável”.

Tag: Menina Noiva


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