sábado, 28 de janeiro de 2017

Escolas Mutu-ya-Kevela e Puniv Central reabrem este ano



O Mutu-ya-Kevela, uma escola do I e II ciclos, e o Puniv Central, instituto pré-universitário, localizados no distrito urbano da Ingombota, em Luanda, e encerrados para reabilitação e ampliação, vão ser entregues pelo empreiteiro em Fevereiro deste ano.


Apesar de as obras, iniciadas há cerca de três anos, estarem concluídas, os dois estabelecimentos de ensino público voltam a entrar em funcionamento apenas a partir do ano lectivo de 2018.

A directora do Gabinete de Estudos e Planeamento e Estatística do Ministério da Educação, Irene Neto de Figueiredo, disse ao Jornal de Angola que as obras de requalificação das duas escolas vizinhas não alteraram o projecto arquitectónico original. “Procurámos nessas obras manter o anterior formato arquitectónico, de modo a garantir a sua valorização e individualidade”, declarou a responsável, para quem as obras de requalificação e ampliação vão garantir “melhor conforto e estabilidade, bem como uma maior percepção do seu passado”.
As obras estiveram a cargo da empresa Somague e foram orçadas em 21 milhões de dólares norte-americanos. O Puniv Central, com 16 salas, tem um ginásio, salão de festas, papelaria, reprografia e laboratórios de química, física e biologia. A escola de ensino pré-universitário dispõe ainda de sala de primeiros ­socorros, espaço de recreio, cantina, salão nobre, sala de convívio e de refeições, sala de artes, oficinas, área administrativa e sala de professores.
A escola Mutu-ya-Kevela tem 15 salas, ginásio, salão de festas, laboratórios, sala de professores, biblioteca, salão nobre, salas de artes, informática, papelaria, primeiros socorros, área administrativa e cantina.
Irene Neto de Figueiredo disse que, por ter sido respeitado o projecto original, os mosaicos floridos, feitos à mão, foram preservados nas obras. “Para uma melhor concepção, procurámos a antiga fábrica, em Portugal, para a feitura do trabalho de arte”, disse a responsável.
O tempo que as obras de reabilitação consumiram é resultante de vários factores, entre os quais o financeiro. “Esta é uma obra de vulto e, pela sua dimensão e representação, carecia de autorização do Chefe do Executivo”, explicou. 

Nacionalismo angolano 

Depois de ter sido autorizado pelo Chefe do Executivo, o Ministério da Educação elaborou os estudos ­relativos ao projecto de arquitectura e engenharia. 
Estando agora as obras concluídas, a fase que está a ser executada é de apetrechamento. 
Mutu-ya-Kevela é o nome que foi dado depois da Independência Nacional à escola que, no período colonial, era conhecida por Salvador Correia, um liceu onde estudaram várias figuras do nacionalismo angolano. Antes da sua requalificação, o Mutu-ya-Kevela tinha 40 salas.  Até à data do seu encerramento, em 2008, por causa do estado de degradação, o maior liceu de Luanda tinha cerca de 6.000 alunos, do quinto ao oitavo ano.

Escola emblemática

O surgimento do Liceu Salvador Correia remonta a 25 de Abril de 1890, data em que cerca de três dezenas de cidadãos se reuniram em casa de Caetano Vieira Dias, onde decidiram solicitar ao Governo português a criação de um liceu nacional em Luanda. A ideia era criar um estabelecimento de ensino na capital da antiga província ultramarina, que ministrasse os programas em vigor nas escolas da metrópole, permitindo aos alunos a transição para escolas em Portugal, após a conclusão do liceu em Luanda.
A criação do liceu foi decidida a 19 de Fevereiro de 1919, quando o Conselho de Instrução Pública aprovou, por maioria, uma proposta apresentada por António Joaquim Tavares Ferro.

Inicialmente denominado Liceu de Luanda, a escola começou a funcionar num edifício situado na Baixa de Luanda, assumindo em 1924 a designação de Liceu Nacional Salvador Correia de Sá e Benevides, em homenagem ao homem que reconquistou Luanda para a coroa portuguesa, em 1648, depois de a cidade ter sido ocupada pelos holandeses.
O actual edifício, situado no cimo de uma encosta, começou a ser construído em Novembro de 1938, tendo sido inaugurado no dia 5 de Julho de 1942. 
Em 1975, ano da Independência de Angola, foi baptizado com o nome de Mutu-ya-Kevela, em homenagem ao soba do Bailundo que liderou uma revolta contra as autoridades portuguesas em 1902 no Huambo. O edifício foi classificado monumento nacional pelo despacho n.º 47, de 8 de Julho de 1992.

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