AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 20 Novembro 2015:
O vídeo de que se fala é protagonizado por dois angolanos nascidos em Portugal: Celso e Edgar. Nele defendem a causa jihad e gabam a “matança” levada a cabo pelos militantes do ISIS. Para Edgar, de 31 anos, é uma estreia nestas ‘andanças’, mas para Celso não – já tinha aparecido noutro vídeo divulgado em abril.
Outra novidade é o facto de aparecerem os dois de cara tapada. “Será mais um elemento de prova a juntar aos outros que já existem no processo que corre contra eles”, disse à Sábado fonte das autoridades portuguesas.
Mas quem são estes dois irmãos, nascidos e criados em Portugal, na linha de Sintra, e foram integrar-se nas fileiras do Estado Islâmico.
Edgar e Celso têm outros dois irmãos. Um que vive em Londres e outro, Carlos, que ainda está em Portugal. Este último conversou com a revista Sábado sobre a presença dos irmãos no vídeo: “Parecem ser eles. [A voz] é pelo menos idêntica”.
Os quatro irmãos eram muito unidos nos idos dos anos 90, época em que faziam parte do mundo do hip-hop, tendo chegado mesmo a formar uma banda. Faziam ‘breakdance’, rimas e beatbox e Celso chegou a jogar no Sporting, mas uma perna partida afastou-o do mundo de futebol.
O mesmo caminho seguiu Celso, “mais ou menos em 2004”, acompanhado pelo irmão mais velho cujo nome não é mencionado na reportagem da Sábado.
O último a seguir para Londres foi Edgar Costa que primeiro se licenciou em Gestão e Marketing.
Carlos, que ficou por Lisboa, disse não saber qual dos irmãos foi o primeiro a converter-se ao islão, mas acredita que foi uma influência de Sadjo que, depois de chegar a Londres, dedicou mais tempo à religião. “Foi por volta de 2006”, referiu Carlos, que também se converteu, convencido pelos irmãos numa das vezes que regressaram a Portugal.
“Em 2012, o Celso e o Edgar vieram para Portugal com as mulheres e os filhos recém-nascidos. Diziam que a Síria era um país com boas condições onde a religião era bem praticada. Mostraram-me que o Islão é o caminho correto que dá paz de espírito”, explicou Carlos.
Durante um ano estiveram a viver em Portugal sem trabalhar. “Passavam o tempo no ginásio, na mesquita e a jogar futebol”.
Agora aparecem em vídeos de propaganda jihadista a exaltarem a violência e morte de inocentes.