Em Luanda, começou o julgamento dos 17 detidos por conspiração para depor o Presidente de Angola. Luaty Beirão, um ativista e rapper luso-angolano é um dos acusados de debater uma estratégia de rebelião.
O início do julgamento fica marcado por alguns incidentes. À TSF, o advogado de Luaty Beirão, contou que a defesa começou por ser impedida de entrar no Tribunal porque a polícia está a filtrar as entradas e os advogados não estavam na lista. Luís Nascimento diz que o cenário "parece mais um circo que um tribunal".
Do lado dos ativistas, apenas os familiares mais próximos estão autorizados a assistir ao julgamento. À porta do Tribunal Provincial de Luanda, o ambiente também é de alguma tensão, com organizações ativistas a quererem assistir à primeira audiência.
O jornal Público desta segunda-feira conta que entre os elementos de acusação está uma alegada lista de futuros dirigentes de Angola, retirada pela acusação de um grupo de discussão na rede social Facebook.
A defesa não teve acesso ao processo durante a última semana, devido a uma súbita mudança de tribunal.
Os arguidos do processo foram detidos numa livraria em Luanda, no final de junho. 15 estão detidos preventivamente desde essa altura. Há ainda duas mulheres que aguardaram o julgamento em liberdade. Alguns dos detidos podem enfrentar penas até três anos de prisão.
Este caso chamou a atenção da comunidade internacional. A greve de fome de Luaty Beirão, que durou 36 dias, levou a uma mobilização fora de fronteiras, justificada com a defesa dos Direitos Humanos. A libertação dos detidos é exigida pela Amnistia Internacional e pela União Europeia.