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AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 23 Junho 2015:
Taylor Gaes morreu a caminho do hospital, no Colorado, vítima de peste
septicémica. Autoridades crêem que tenha contraído a bactéria através de
uma pulga infetada, na quinta da família.
Um dia depois de fazer 16 anos, Taylor Gaes morreu infetado com a
bactéria da peste negra, a doença que na Idade Média matou entre 25
a 75 milhões de pessoas na Europa. O adolescente morreu no Colorado, nos
Estados Unidos da América, a caminho do hospital e crê-se que foi
contaminado por uma pulga no rancho da família, conta o ABC News Today.
Desde
1999 que não apareciam casos da peste septicémica (uma das variantes da
peste negra) no condado de Larimer County, no Colorado. Apesar da
pandemia do passado, a peste negra é tratável com antibióticos, mas tem
de ser descoberta a tempo.
Taylor Gaes começou a sentir sintomas semelhantes aos de uma
gripe depois de ter participado num jogo de basebol, a 4 de junho,
explicou Katie O’Donnell, do Departamento de Saúde e Ambiente de
Larimer County ao ABC News Today. Mas a morte do jovem ainda está a ser
investigada.
“Este tipo de peste é extremamente rara,
porque a bactéria vai diretamente para a corrente sanguínea. Nos últimos
30 anos, houve três casos destes“, disse Katie O’Donnell. A
responsável acrescentou que é uma doença difícil de diagnosticar porque
as pessoas tendem a não ter os sintomas típicos no início e, por isso,
não recebem os antibióticos a tempo.
Apesar de a doença não ser
transmitida entre humanos, a família já pediu às pessoas que estiveram
próximas de Taylor Gaes para serem consultadas por um médico, caso se
sintam doentes. Katie O’Donnell explicou que, se alguém estiver
infetado, os sintomas devem demorar entre dois a seis dias a aparecer. A
responsável crê que o jovem tenha sido mordido pela pulga infetada no
fim de semana que precedeu à sua morte.
A peste negra é causada
pela bactéria Yersinia pestis e entrou na Europa a meio do século XIV.
Até ao início do século XIX matou milhões de pessoas – estima-se que um
terço da população tenha perdido a vida. A tese inicial dava conta de
que a bactéria teria entrado no continente pelos portos do mediterrânico
e criado um reservatório nos parasitas dos roedores – nomeadamente das
ratazanas-negras. Estas ter-se-ão espalhado pela Europa e quando as suas
pulgas saltavam para o homem, infetavam-no. Mas um estudo da
Universidade de Oslo, na Noruega, veio juntar mais um roedor à história: os gerbilos asiáticos.
Em
julho de 2014, um chinês de 38 anos morreu na cidade de Yumen, no
noroeste da China, com peste negra. A cidade ficou de quarentena e 151
pessoas tiveram de ser observadas. No mesmo ano, a peste negra
matou 40 pessoas no Madagáscar, infetando outras 76, de acordo com
a Organização Mundial da Saúde. Segundo os dados da organização, são
diagnosticados entre mil e 3 mil casos de peste negra todos os anos.