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AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 15 Junho 2015:
Depois de vários meses de negociações, a empresária angolana e filha do
presidente passa a ter uma participação de 65 por cento na Efacec Power
Solutions, adquirida por uma injeção de capital de 200 milhões de euros.
A filha do Presidente de Angola ganha uma posição maioritária na
multinacional portuguesa, aumentando deste modo o seu património em
Portugal. Analistas sublinham que, por esta via, a empresa portuguesa,
com experiência na área industrial, aumenta a sua capacidade de presença
em grandes projetos em África.
Setor energético na mira da mulher mais rica de África
A Efacec portuguesa ganha novo fôlego com a entrada de Isabel dos Santos
no capital da empresa. A empresária angolana, que acaba de comprar 65
por cento da sociedade Efacec Power Solutions, passa a ser acionista
maioritária daquela que é considerada uma das maiores multinacionais
portuguesas, vocacionada para as áreas da energia, engenharia, ambiente,
serviços e transportes, com operações nas Américas, na Europa, Ásia e
África.
A injeção de 200 milhões de euros no capital da empresa é vista como
uma lufada de ar fresco, sobretudo para a manutenção e desenvolvimento
de projetos no continente africano. Angola está entre os principais
mercados, refere o jornalista de economia Celso Filipe: "A Efacec Power
Solutions é uma empresa com um leque diversificado de atividades que
permitem quase de chave na mão prestar uma série de serviços em Angola."
Empresa luso-angolana estará bem lançada para negócios em Angola
O setor energético é dos que beneficiará significativamente da larga
experiência industrial da Efacec. Para o autor do livro “O Poder
Angolano em Portugal a Efacec é também uma empresa que permite a Isabel
dos Santos "criar rede, uma malha internacional.
João Bento, o gestor que liderou a empresa nos últimos quatro anos,
disse ao semanário português Expresso que a vantagem do novo acionista
face a outros candidatos foi a valorização atribuída à Efacec.
Acrescentou que «esta constitui uma oportunidade para aumentar
expressivamente a capacidade de estar presente nos grandes projetos de
infraestruturação e de desenvolvimento em África e Angola em
particular». De acordo com Celso Filipe, a situação financeira da
empresa portuguesa não é a melhor e esta entrada do capital angolano vai
permitir à multinacional relançar a sua atividade e ter acesso a
crédito bancário.
Por sua vez, Filipe Alves, um dos autores do livro “Os Novos Donos Disto
Tudo – Quem manda de facto em Portugal”, sublinha a forte presença
angolana no capital de várias empresas portuguesas, na última década, o
que tenderá a crescer:
"De facto há um reforço do poder angolano em setores estratégicos.
Isso é inegável. É sabido que as empresas portuguesas, tanto as públicas
como as privadas, estão muito endividadas e o capital estrangeiro, de
facto, é necessário. O importante, no meio disto tudo, não é se o
investidor é angolano ou chinês ou dos Estados Unidos. O importante é
que as regras sejam cumpridas e que haja um escrutínio desses poderes".
Transparência nos negócios e boa governação das empresas exigem-se
Para o jornalista, o império de Isabel dos Santos em Portugal, avaliado
em cerca de três mil milhões de euros, é agora reforçado com a compra da
Efacec. De cordo com o analista, há, entretanto, alguma pressão de
alguns círculos na opinião pública sobre a origem do dinheiro investido
na antiga metrópole.
"Há de facto alguma pressão na opinião pública em relação à origem
desses dinheiros investidos em Portugal e em relação à situação dos
direitos humanos em Angola. Muitos portugueses estão conscientes quanto à
importância de ajudar
Angola a desenvolver-se em todos os domínios. Mas o importante é que as
regras sejam cumpridas e que haja boa governação das empresas e que o
interesse público português seja salvaguardado".
Filipe Alves aponta outro aspeto pouco referido: que a maior parte dos
investimentos feitos em Portugal foi financiada por bancos portugueses,
nomeadamente pela Caixa Geral dos Depósitos e pelo BPI (Banco Português
de Investimentos). E, por outro lado – adianta a propósito da nova
estrutura do poder empresarial de Isabel dos Santos em Portugal – há uma
componente muito forte de investimentos com base em dívida.
DW
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Tag: Fortuna de Isabel dos Santos, Empresas da Isabel dos Santos.