SEXO NA ADOLESCÊNCIA
AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 04 Setembro 2014: O aparecimento da puberdade, a
partir dos 10, 11 anos, marca o início da adolescência, um período
marcado por múltiplas alterações: biofisiológicas, psicológicas,
intelectuais, sociais. Nos dois sexos, a puberdade surge acompanhada de
novas sensações e sentimentos sexuais originados pelo aumento da
produção hormonal que faz com que os/as adolescentes passem a sentir
mais intensamente desejo e excitação sexual.
O corpo redesenha-se e as diversas
transformações corporais provocarão uma nova imagem de si mesmo. Por sua
vez, as transformações psicológicas e sociais levarão o/a adolescente a
ter também uma nova imagem dos outros, sentindo vontade de experimentar
novas relações, novas formas de estar com os seu pares e de explorar a
sua sexualidade. As preocupações de criança são substituídas por novos
focos de interesse e inicia-se a predisposição para assumir compromissos
com relações de diferentes tipos. De facto, é a partir desta idade que
o/a adolescente forma a sua identidade sexual, ou seja, reflete sobre si
próprio/a e sobre a sua sexualidade, sobre as emoções e sobre o desejo
que sente em relação aos outros, que podem ser do mesmo sexo, de outro
sexo ou de ambos os sexos.
Desta forma, esta fase pode ser mais ou
menos complexa, preenchida com medos, dúvidas e questões que devem ser
entendidas e atendidas com serenidade, paciência e apoio incondicional
por parte dos pais e dos demais educadores. O despertar sexual na
adolescência deve, então, ser acompanhado de uma educação para a
responsabilidade, transmitindo aos jovens que ser sexualmente
responsável significa respeitar e usufruir de direitos fundamentais e
implica que as pessoas não sofram qualquer tipo de pressão,
discriminação ou violência, qualquer que seja a sua identidade e
orientação sexual.
Transformações da Mente e do Corpo
A Adolescência, período de vida compreendido
entre 10 e 20 anos, é uma fase bastante conturbada. Ocorrem
transformações físicas e emocionais importantes, preparando a criança
para assumir um novo papel perante a família e a sociedade. A criança
desenvolve-se, amadurece e fica apta para usufruir sua sexualidade,
firmando sua identidade sexual e buscando um par, já com a possibilidade
de gerar filhos.
A fase onde há modificações no corpo chama-se
de Puberdade. Ocorre a primeira menstruação nas meninas (menarca), as
poluções masculinas (ejaculações espontâneas sem coito), o crescimento
de pêlos no corpo, a mudança de voz nos rapazes, o amadurecimento da
genitália, com aumento do tamanho do pênis e dos seios, entre outros.
Mas nem sempre esta fase vem acompanhada das transformações emocionais e
sociais que são o marco da adolescência. Dependendo da cultura de cada
povo, a adolescência pode chegar mais tarde, independente da criança
estar já bem desenvolvida fisicamente. É o caso dos países ocidentais,
como os Estados Unidos e a Inglaterra ou França. O processo de educação
continuada e a grande soma de informações, por exemplo, acabam por
retardar a necessidade, por parte dos jovens, da busca de uma vida
separada de seus pais. Muitos ainda moram com a família depois dos 20
anos. Já em sociedades mais simples, como em algumas regiões do Brasil,
da África ou da Ásia, a necessidade de força braçal, desde muito cedo,
antecipa a entrada da criança na adolescência e nas responsabilidades
que lhe são devidas.
O Adolescente e a sua Sexualidade
A jovem adolescente amadurece em média dois
anos antes do rapaz. Busca fortificar sua feminilidade, prorrogar os
encontros sexuais e selecionar um parceiro adequado para poder ter sua
primeira relação sexual, o que ocorre de forma gradativa. Vai
experimentando seus limites progressivamente. Os rapazes buscam
encontros sexuais com mais ansiedade, geralmente, persuadindo as garotas
ao sexo com eles. Em nosso meio, há uma tendência do jovem em
experimentar sensações sexuais com outros de sua idade, sem
necessariamente buscar uma relação sexual propriamente dita. O termo que
se usa atualmente é "ficar".
A perda da virgindade ainda é um marco
importante para os jovens. É um rito de iniciação sexual, que pode ser
vivenciado com orgulho ou com culpa excessiva, de acordo com a educação e
tradição da família. Inicialmente, os jovens buscam apenas envolvimento
sexual, testando suas novas capacidades e reações frente a sensações
antes desconhecidas. É a redescoberta do corpo. Só depois procuram o
envolvimento afetivo complementar passando a conviver não apenas em
bandos, mas também aos pares.
A masturbação faz parte da vida das pessoas
desde a infância e, na adolescência, se intensifica com a redescoberta
de sensações, tanto individualmente quanto em dupla ou em grupo.
Os jovens podem apresentar algum tipo de
atividade homossexual nessa fase, como exposição dos genitais,
masturbação recíproca e comparação dos seios e dos genitais em grupo
(comparação do tamanho do pênis, por exemplo), atividades estas
consideradas absolutamente normais. A fortificação dessas condutas, com o
abuso sexual por parte de um adulto de mesmo sexo ou com alta ansiedade
perante o sexo oposto, pode desenvolver uma orientação homossexual
definitiva nos jovens.
Em tempos da super informação, com a internet, a
globalização, a pouca censura nos meios de comunicação de massa, há um
apelo sexual freqüente e precoce, expondo os jovens a situações ainda
não bem compreendidas por eles. Os adolescentes falam como adultos,
querem se portar como tal e ter os privilégios da maturidade. No
entanto, falta-lhes a experiência, a responsabilidade e o significado
real de um envolvimento sexual. A gravidez de risco na adolescência,
infelizmente, é um dos resultados desastrosos desta situação atual. A
pouca informação qualificada e o precário respeito dos adultos perante
as necessidades dos jovens são os verdadeiros responsáveis pelo falso e
ilusório desenvolvimento do adolescente de hoje.
ABC DA SAUDE
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