AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 25 Julho 2014: O cantor e actor Paulo Pascoal de 32 anos de idade abriu o seu coração
em entrevista à Revista Lux. O artista falou sobre a sua vida pessoal, o
seu estado de saúde, a família e justificou o facto de ter assumido a
sua orientação sexual durante a conferência TEDX Luanda. "Decidi
naquele momento porque entendi que era o momento certo. Estou a pensar
estabelecer-me em Angola e trabalhar cá, e essa "fragilidade", se é que
assim posso dizer, era algo que me estava a impedir de ter uma melhor
comunicação com as pessoas de cá. Eu tinha informação de que Angola é um
dos 80 países com leis anti-gays e pensar que estando cá, poderia estar
a correr o risco de ser considerado um criminoso ou um “alien” era algo
que me fazia confusão".
Paulo
contou que já levou pancada quando era mais pequeno por brincar com
bonecas e que tem um namorado que mantém uma relação de longo prazo e
que a família e os amigos próximos conhecem, mas este prefere não tornar
pública a identidade do companheiro. "Não quero que isso seja o foco da
minha vida", explicou.
O actor
revelou que aos 23 anos teve muitas namoradas e que descobriu tarde que
era homossexual, porque teve uma educação religiosa.
Como
todo ser humano, Paulo quer formar a sua família mas acha que ainda não
é o momento certo. "Eu gostaria de ter uma filha, que até já tem nome:
Glória Maria. Este é o nome que sempre pensei dar a uma filha". O artista passou por uma fase complicada
quando descobriu que tinha cancro. Nos três primeiros meses o
tratamento não estava a resultar e o cancro estava a aumentar. "Eu negei
a doença, pensei que era o fim do mundo, andei com muitas mulheres,
joguei futebol, fiz de tudo o que não fazia na vida, pensei em fazer o
serviço militar, mas o cancro de certa forma foi uma benção para mim
porque parei para reflectir e perceber com que coisas eu me estava a
enganar. Foi quando me aceitei e fui ao encontro da verdade".
Afastado
dos palcos por opção, há já algum tempo, neste momento Paulo Pascoal
está dedicado ao trabalho na instituição "Peace Foundation", que promove
a arte, mas deseja terminar o cd que tem em mãos.
"Distanciei-me
por medo, falta de vontade e de ânimo. Pus a música de lado, porque
senti que tinha capacidade para fazer outras coisas".
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