Partilha Nossa Página no Facebook Angola: História do 4 de Fevereiro, o dia do início da Luta armada ~ Canal 82 | Agência de Notícias

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Angola: História do 4 de Fevereiro, o dia do início da Luta armada


Na madrugada de 4 de Fevereiro de 1961, um grupo de mulheres e homens, munidos de paus, catanas e outras armas brancas, atacou a casa de reclusão e a cadeia de São Paulo, em Luanda, para libertar presos políticos, ameaçados de morte.
Em resposta ao ataque, o regime colonial-fascista reagiu brutalmente com uma acção de repressão em todo o país, com assassinatos, torturas e detenções arbitrárias.
Essas prisões e assassinato de várias pessoas indefesas levou alguns nacionalistas a organizarem-se para a luta de libertação.
Os preparativos da acção tiveram início em 1958, em Luanda, com a criação de dois grupos clandestinos, um abrangendo os subúrbios e outro a zona urbana, coordenados por Paiva Domingos da Silva, Imperial Santana, Virgílio Sotto Mayor e Neves Bendinha (já falecidos).
A acção inseriu-se também nos anseios da população e na necessidade de se passar a formas de luta que correspondessem à rigidez da administração colonial. Para tal valeu a colaboração do cónego Manuel das Neves e outros combatentes.
O papel do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) na preparação e organização da “acção directa” já constava do anúncio feito pelo seu Comité Director na conferência de Londres de Dezembro de 1960.
O 4 de Fevereiro de 1961 é considerado um marco importante da luta africana contra o colonialismo, numa tradição de resistência contra a ocupação que vinha desde os povos de Kassanje, do Ndongo e do Planalto Central.
Os primeiros relatos de realce de resistência à ocupação colonial datam dos séculos XVI e XVII (1559-1600 e 1625-1656), conduzidos por Ngola Kiluanje e Njinga Mbandi, esta soberana do Ndongo.
Os acontecimentos de Fevereiro de 1961 traduziram-se assim numa sublime expressão de nacionalismo, demonstrada pelos angolanos.
Ao assinalar-se o 54º aniversário do início da Luta Armada de Libertação Nacional, os angolanos devem reiterar a firme disposição de continuar fiel aos ideais do 4 de Fevereiro, lutando pela reconstrução do país e reconciliação entre os angolanos.
Este ano, o acto central das comemorações da data decorre na província de Malanje.
As celebrações decorrem no país com actividades culturais e recreativas, destacando-se encontros, palestras e seminários, com o objectivo de destacar o exemplo do 4 de Fevereiro para as novas gerações.
Recordar a importância da data, sensibilizar a sociedade para o seu empenho activo nas tarefas que visam a consolidação da paz, a reconciliação nacional e a reconstrução do país, em todas as suas vertentes, constam igualmente dos objectivos da celebração da data.


O monumento erguido para homenagear os Heróis do 4 de Fevereiro no município do Cazenga, em Luanda, acolhe o acto central do 56º aniversário do Dia do Início da Luta Armada de Libertação Nacional, que hoje se assinala.


O acto serve para homenagear os heróis do 4 de Fevereiro que em 1961 pegaram em catanas para atacar as cadeias e soltar os reclusos que se encontravam presos pela polícia política portuguesa.


O administrador municipal do Cazenga, Victor Nataniel Narciso, disse estar expectante com o acto que vai juntar centenas de munícipes para celebrarem a efeméride. “As condições estão criadas para celebrar com dignidade o 56º aniversário do início da luta armada de libertação nacional”, disse.

Tany Narciso, como também é conhecido o administrador, esclareceu que o monumento encontra-se aberto permanentemente com historiadores que ajudam e explicam, a qualquer momento, as pessoas que pretendem conhecer melhor a gesta do 4 de Fevereiro de 1961.

Reconheceu que se deve incentivar muito mais as visitas para que as crianças e adultos conheçam a história da luta armada de libertação nacional,  porque “não há presente sem passado”. “Muitas vezes não temos o domínio absoluto daquilo que é a história do país, importante instrumento para os estudantes”, concluiu.

O Marco Histórico do 4 de Fevereiro, como também é conhecido o local, está engalanado com as cores da Bandeira Nacional. Constam das actividades para saudar a efeméride uma fogueira do combatente que simboliza todo o acto preparativo que os heróis tiveram de efectuar, um acto político de massas e momentos culturais com a participação de músicos nacionais.
O monumento aos Heróis do 4 de Fevereiro foi erguido em 2005, e durante estes anos acorrem ao local várias pessoas para conhecerem a história do início da luta armada de libertação nacional.
O nacionalista e antigo combatente Pedro José Van-Dúnem apelou à juventude para se inspirar nas ideias que nortearam a libertação do país e exortou-os a não destruírem as vitórias já conquistadas. 
Pedro Van-Dúnem, que já foi ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, foi o orador numa palestra sobre “A importância do 4 de Fevereiro no processo da luta para o alcance da Independência Nacional”. O nacionalista apelou à responsabilidade e consciência da nova geração na participação activa da pátria, de forma a tomarem decisões importantes para a defesa do país. “Foi a inspiração juvenil que nos levou ao ataque de 4 de Fevereiro, sem receio de que iríamos atacar unidades militarizadas. Por isso, devemos sentir-nos felizes com o produto da energia despendida e de sacrifício consentido para a libertação do país”, frisou.
 O país conhece hoje um desenvolvimento social e económico positivo, porque já existem jovens de diversas matrizes, como académicos e religiosos, com poderes de decisão. Sobrevivente da acção do 4 de Fevereiro, Pedro Van-Dúnem falou igualmente sobre a autoria do assalto, dizendo que a mesma não é da União dos Povos de Angola (UPA), actualmente FNLA, como alguns podem pensar. “A acção não foi da UPA, mas sim do MPLA, até porque grande parte dos elementos constituintes do ataque já pertenciam ao MPLA”, disse.  
A UPA iniciou a sua luta para a libertação nacional apenas no dia 15 de Março de 1961, ao protagonizar um incêndio na região norte do país, lembrou. “Foi um desastre! Na altura, como enfermeiro, fui apoiar as vítimas do massacre. Quando lá cheguei, já ninguém tinha sobrevivido, sendo todos mortos barbaramente pela UPA”, lamentou. Pedro José Van-Dúnem foi preso político, aos 20 anos de idade, pela PIDE, e mais tarde transferido para a cadeia de São Pedro da Barra, onde cumpriu nove anos de reclusão.
O vice-governador provincial do Zaire para o Sector Económico exortou a população e a sociedade civil a preservarem e inspirarem-se nas ideias que nortearam os precursores da luta de libertação nacional, que culminou com a proclamação da Independência Nacional.
Alberto Maria Sabino, que dissertava na palestra alusiva ao 56º aniversário do Início da Luta Armada de Libertação Nacional, fez um historial sobre o 4 de Fevereiro de 1961, altura em que centenas de jovens e militantes do MPLA atacaram a Casa de Reclusão em Luanda, para libertar os presos políticos.
Apelou à população a ganhar consciência patriótica e a continuar a trabalhar na consolidação da democracia para que o país possa trilhar os caminhos de desenvolvimento e crescimento económico.

Tag: Angola: 4 de Fevereiro, História do 4 de Fevereiro, dia da Luta armada. 

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