Por: Augusto Campos | Canal 82 | Luanda
Entrevista feita por António Mateus, ex-delegado da Lusa na África do
Sul, distribuída originalmente pela agência a 22 de Abril de 1994:
O
presidente do ANC, Nelson Mandela, disse à Agência Lusa que a sua
"prioridade de topo" como Presidente da África do Sul será visitar
Angola e ajudar a encontrar uma solução de paz para este país.
Em
entrevista à Lusa, Nelson Mandela - que tudo indica será eleito
presidente pela Assembleia Nacional sul-africana a 06 de Maio - disse
que só não tomou ainda esta iniciativa devido aos problemas internos que
o seu país atravessa.
O líder do ANC acrescentou que na data em
que programou deslocar-se a Luanda para se encontrar com os presidentes
de Angola, José Eduardo dos Santos, e de Moçambique, Joaquim Chissano,
viu-se impedido, devido ao problema da violência política nas cidades
negras sul-africanas.
"Angola é um país muito próximo de nós,
porque dali operamos durante muito anos em que tivemos de (ir para o
exílio) lançar a luta armada", afirmou Mandela, na sede do ANC em
Joanesburgo.
Mandela referiu seguidamente o cuidado que o ANC deve
ter para que na África do Sul não se reedite o problema de Angola
depois das eleições.
"O diálogo é a arma mais importante", disse,
acrescentando que o ANC tinha alterado a posição do Partido Nacional (no
poder) que "na altura estava exactamente na mesma posição que
presentemente a extrema-direita".
"Transformámo-los e eles [Partido Nacional] são o nosso principal parceiro na reconstrução nacional", ressaltou.
O
líder do ANC avançou a fórmula de governo que pensa aplicar
pós-eleições na África do Sul, em cujo parlamento terão assento todos os
partidos com 05 ou mais por cento do total de votos nacionais.
"Queremos
colocar à frente do país um governo unido, que aproxime todos os vários
grupos nacionais, as diversas correntes de opinião política, de forma a
que possamos atender em equipa aos problemas nacionais deste país",
afirmou o líder anti-'apartheid'.