AUGUSTO CAMPOS | CANAL 82 | LUANDA - Em entrevista a um canal brasileiro, que foi para o ar no final de
Outubro, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, reconheceu que
está há “demasiado” tempo no poder, mas ressalvou terem existido “razões
conjunturais”, como a guerra no país, que justificam a situação.
As afirmações foram feitas
numa entrevista para uma série de documentários sobre presidentes
africanos, emitidos pelo canal brasileiro TV Bandeirantes.
Na
entrevista, o jornalista recorda que Eduardo dos Santos está no poder
desde 1979 e que ganhou duas eleições recentemente, antes de questionar:
“O senhor não acha que é muito tempo no poder? Como é que o senhor se
sente?”
“Eu acho que é muito tempo, até demasiado, mas também
temos que ver as razões de natureza conjuntural que nos levaram a esta
situação”, respondeu Eduardo dos Santos, que argumentou que a guerra
impediu o funcionamento da democracia. “O País esteve em guerra cerca de
40 anos desde que começou o processo de libertação nacional, mas,
depois da independência, acho que foram trinta e tal anos de guerra, em
que o país ficou adiado, portanto não pôde consolidar essas instituições
do Estado, nem sequer pôde tornar regular o funcionamento do processo
de democratização, por isso muitas vezes as eleições tiveram que ser
adiadas”.
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Eduardo dos Santos, de 71 anos, está no poder desde
1979, ano em que sucedeu a Agostinho Neto, o primeiro Presidente
angolano, tanto na liderança do país, como na liderança do MPLA, o
Movimento Popular de Libertação de Angola.
Na entrevista, o
Presidente de Angola acrescentou ainda que, se o país tivesse retomado o
processo regular de realização de eleições em 1992, “certamente” já não
seria chefe de Estado. “A conjuntura não permitiu que realizássemos
eleições e fui ficando até que realizámos estas eleições. Penso que
daqui para frente as coisa vão mudar”, acrescentou.