AUGUSTO CAMPOS | LUANDA | CANAL 82 - Nzinga Mbandi Ngola, conhecida como Ginga, foi Rainha dos Mbundos
durante 40 anos e, segundo o autor, "uma mulher de forte personalidade,
que tinha uma visão política e de nação e não aceitou a escravidão do
seu povo, pois sabia que sem pessoas não podia ter uma nação".
"Sempre
se opôs à escravatura e, ao contrário do Rei do Congo e das elites
congolesas, nunca pactuou com os negreiros para abastecer de gentes as
plantações de açúcar no Brasil", afirmou à Lusa o autor.
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Manuel
Ricardo Miranda salientou ainda o facto de a monarca, baptizada pelo
rito católico como Ana de Sousa, mas sempre apelidada de Ginga, ter
governado os Mbundos durante quatro décadas, morrendo aos 82 anos, em
1663. Sucedeu-lhe o seu irmão.
A história deste livro começou
quando Manuel Ricardo Miranda foi militar em Angola ao serviço do
Exército português e conheceu um descendente desta Rainha, que viveu há
mais de 300 anos.
Um militar negro, Cangula, sob seu comando,
disse-lhe certa vez ser descendente da Rainha Ginga e prová-lo uma
tatuagem que tinha, mas se recusou então a mostrar.
Cangula viria a
falecer numa emboscada quando patrulhava um troço da linha-férrea de
Benguela. Agonizante, disse a Manuel Ricardo Miranda que "ia ver a
tatuagem da Rainha e pediu para lhe levantar o braço direito onde, sob o
sovaco, tinha tatuada uma galinhola, que representava essa ascendência
régia".
Manuel Ricardo Miranda regressou, entretanto, a Portugal
e, "nunca tendo esquecido esta história", foi-se dedicando à sua vida
profissional, "em que lia muitos relatórios e as memórias por vezes
esfumavam-se".
"A minha vida profissional não me permitiu
dedicar-me à escrita, apesar de ler sempre e a História ser um dos meus
interesses", disse.
Durante dois anos investigou em arquivos e
bibliotecas, leu várias obras e foi escrevendo o seu livro intitulado
"Ginga, Rainha de Angola", que define como "uma ficção baseada em factos
históricos".
Além da documentação sobre uma figura "em que se
mistura muito a lenda com a verdade histórica", foram também "decisivas"
para a escrita do romance as recordações que guarda das paisagens
angolanas.
Tendo em vista "uma outra ficção totalmente diferente",
Manuel Ricardo Miranda observou estar a aguardar a recepção a "Ginga,
Rainha de Angola" para, se for positiva, se abalançar "a uma outra
carreira, na área da literatura".