Originalidade, inovação e tradição foi o que se constatou no último “Show do ano”, projecto Yuri com Garra, inserido na Roda do semba, realizado sábado, entre 12h00 e 23h00, no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, em Luanda.
Yuri da Cunha mergulhou no passado para apresentar a natureza do semba e o regresso às origens, num ano em que o cantor considerou positivo pelos inúmeros espectáculos realizados.
Um espectáculo totalmente acústico na sua concepção, Roda do semba começou com o DJ Manucho Cola, recriando os convivas com música congolesa, os mesmos não resistiram e deram um pé de dança.
A versatilidade de Manucho Cola agradou centenas de pessoas que se deslocaram ao Kilamba para recordar temas que marcaram as décadas de 50,60 e 70. O DJ tirou do baú temas como “Regina”, “Etydiant na polo”, “Na boui ba temoins”, “Coco”, alguns de Francó e Longomba.
A viagem ao passado não ficou por ai, foram igualmente recordados Dr. Nico e Rochereau com os temas “Tabalissimo”, “Quando la mãe”, “Bougie ja motema” e “Paquita” este último muito aplaudido.
A música angolana não foi esquecida. Aliás, não poderia ser diferente, até porque o objectivo do projecto é resgatar a identidade cultural angolana, num conceito inovador no que a produção artísticas dia respeito.
Enquanto se aguardava a entrada da estrela do dia, num palco montado no centro da sala, os admiradores de Yuri foram ainda brindados com música angolana das décadas de 70 e 80. “Ressurreição”, uma canção de Elias diá Kimuezu, com a participação de Lourdes Van-Dúnem, “Avô Beia” de Pedrito, “Candinha” de David Zé, “Cooperação” de Dom Caetano, “Comboio” de Zecax, “Samba Samba” de Augusto Chacaya e “Monami” de Carlos Burity, foram alguns dos êxitos recordados. Levar música de qualidade aos bairros, sobretudo na periferia que são os locais em que o artista tem o maior número de fãs, tem sido a estratégia do músico no acordo firmado com a cervejeira Tigra.
Inovação
O espectáculo, que teve como mestre de cerimónia Divaldo Gomes, foi criado por formas a facilitar o contacto directo entre Yuri da Cunha e os admiradores, em espectáculos mais intimistas dos que habitualmente tem feito.
O músico escolheu o tema “Chuvas” de Tela Lando para abrir o espectáculo, tendo percorrido por um guião bastante aleatório. Yuri que fez uma viagem pelo seu disco último disco “O intérprete”, e recordou também Artur Nunes com “Belina” e “Kia Lumingo”, David Zé “Kalumba” e “Avó Teté” e “Ramiro” de Jivago. O romantismo de Yuri da Cunha esteve em evidência quando interpretou “Minha Pe pe pé”, “Amor melaço” e “Filho do Bruxo” dos irmãos Almeida e “Anel de Rubi” do português Rui Veloso, sempre acompanhado pela sua banda composta por Dinho Silva (baterista), Joãozinho Morgado (congas), Chalana Dantas (percussão), Nelo Paím (teclado), Texas (violão), Lito Graça (dikanza), Raquel Lisboa (coros) e Carlitos Chiemba (baixo e director musical).
Tributo a Tony Caetano
Perdido no meio das centenas de admiradores de Yuri da Cunha, deparou-se com um dos ícones da Música Popular, o cantor e compositor Tony Caetano - autor do sucesso “Pangi iami” -, que mereceu no local uma singela homenagem.
Na sequência, Yuri da Cunha convidou Kizua Gorgel, para interpretar alguns temas.
O grupo Kituxi também teve o seu momento ao interpretar temas do folclore, como “Ula Upe”, “Ditcho tcholo” e “Mui Lumba”, com Inó Gonçalves (tambor solo), Raúl Tollingas (tambor baixo), Zé Fininho (dikanza), Jorge Mulumba (hungo, puita e voz) e Nando Francisco (mukindu). Axel Joca, referiu que o projecto se prolonga até 2017, e já resultou em vários espectáculos, o primeiro teve lugar em Outubro, com a participação de Robertinho e do grupo Kituxi e seus acompanhantes.
JA
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