AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 29 setembro 2014: A Apple anunciou que já vendeu cerca de 10 milhões de iPhone 6 em apenas uma semana. Esta é uma excelente notícia para a companhia com sede em Cupertino; mas aparentemente isso não é nada bom para suas concorrentes. Principalmente a Samsung.
É que as ações da coreana caíram cerca de 2,3% (aproximadamente €
870/ ação). Isso representa o menor nível desde 2012! Mas qual o motivo
disso? O lançamento do iPhone 6 Plus, que apesar de ter sido alvo de críticas da companhia, apresenta desempenho espantoso no que diz respeito as suas vendas.
As pré-encomendas do iPhone 6 Plus foram tão altas, que a Samsung espera que seu lucro seja reduzido em aproximadamente 12%. Isso totalizará cerca de 4,8 bilhões de euros.
A coreana reconheceu que tem perdido mercado na China e na Índia devido a grande concorrência presente nestes países. Segundo a própria, os consumidores estão mais confiantes ao apostar num modelo mais barato
e de uma marca desconhecida, mas que possui as mesmas características
que os seus. Além disso, a empresa afirmou que a burocracia e corte de
subsídios para empresas estrangeiras na China é um fator que opõe-se ao
seu crescimento por lá.
Mas é claro que a Samsung não vai desistir. A companhia não entregará
seus pontos tão rapidamente. Seus últimos lançamentos devem brigar lado
a lado com os novos iPhones. Isso deverá trazer alguma esperança para a
Samsung, que provavelmente está desesperada com as consecutivas perdas
que vem enfrentando.
A grande jogada da Samsung é oferecer o Note 4 mais barato que o Note 3, quando este último fora lançado. A fabricante ainda disse que espera enviar 15 milhões de unidades do phablet em 1 mês.
Se o Note 4 e os novos produtos da Samsung serão um estouro em vendas,
só o tempo irá dizer. Mas é certo que a coreana terá que tomar muito
cuidado com os seus concorrentes, pois eles estão ganhando muita força
no mercado.
SISTEMA ANTI ESPIAO DO IPHONE 6
O chamativo e recém-lançado iPhone 6 é o primeiro smartphone à prova
de espiões. Um algoritmo em seu sistema operacional faz com que apenas o
usuário tenha acesso aos conteúdos protegidos, de forma que a Apple não
possa fornecer tais informações nem mesmo sob ordem judicial.
“Se você não é o cliente, é o produto”, diz a máxima – agora
novamente atual – cunhada por Jan Koum, fundador do aplicativo de
mensagens WhatsApp, para defender a privacidade dos usuários. A Apple
aderiu a esse principio com o iOS 8, o sistema operacional que vem
instalado nos novos modelos do iPhone, o 6 e o 6 Plus.
Tim Cook, executivo-chefe da Apple, rompe assim o axioma geral da
Internet. Ele explicou isso em uma carta incluída nas mudanças da
política de privacidade: “Diferentemente dos nossos concorrentes, a
Apple não vai passar por cima da sua senha e, consequentemente, não pode
acessar esses dados. Tecnicamente, já não poderemos cumprir as
solicitações do Governo para capturar dados de aparelhos em poder dos
clientes, desde que tenham o iOS8 instalado”. Não haverá possibilidade,
portanto, de a Apple colaborar com a Agência Nacional de Segurança (NSA)
se esta assim solicitar.
Nos aparelhos da Apple haverá uma única maneira de decifrar os
conteúdos protegidos: a senha que dá acesso à sua identidade de usuário.
Até agora, só o endereço de email terminado em @me.com – uma conta
oferecida a cada cliente da Apple – seguia essa dinâmica. Com o iOS 8,
tal função é estendida às mensagens (aplicativo que reúne SMS e
WhatsApp, por exemplo, mas só entre aparelhos da Apple), calendários,
contatos e fotos.
O novo sistema coloca a responsabilidade final sobre cada cliente
individualmente. Antes da atualização, a Apple podia, sob mandado
judicial, decifrar logins, senhas e códigos. Agora não poderá mais fazer
isso, e transferirá as solicitações aos donos dos celulares.
Em junho de 2013, o ex-analista da NSA Edward Snowden revelou a
existência do programa secreto de vigilância PRISM, que autorizava a NSA
e o FBI a acessarem os dados dos servidores das principais empresas de
Internet dos EUA, incluindo Apple, Microsoft, Facebook e Google.
Jaime Blasco, diretor da empresa de segurança Alienvault, explica a
relevância da mudança: “Antes do iOS8, os dados já estavam cifrados, mas
a Apple contava com uma senha mestra para se sobrepor. Caso a NSA, o
FBI ou a polícia pedissem, eles acessavam. Mas essa senha já não existe
mais. Só poderá haver acesso com a senha do dono ou com sua impressão
digital”.
Embora a Apple garanta que hackers levariam mais de cinco anos para
violar a criptografia de seus celulares, Blasco acredita que já exista
uma tecnologia capaz de quebrá-la em muito menos tempo. “Tenho certeza
de que as autoridades têm algoritmos para conseguir decifrá-la.”
Em declarações ao The Washington Post, Ronald Hosko, ex-diretor de
investigação do FBI, avaliou que a iniciativa da Apple acarretará
consequências, e insistiu que a cooperação com as autoridades seria
crucial para resolver e prevenir crimes. O próprio diretor da agência,
James B. Comey, afirmou em entrevista coletiva na quinta-feira que está
preocupado com esse tipo de medida, por considerar que terroristas e
criminosos usarão o iPhone 6 para ocultar dados. “A forma de evitar isso
é contar com nossa ajuda”, disse.
A Apple, que não fez comentários adicionais a respeito, não pensa só
nos EUA , mas também na China, Brasil e Alemanha, três mercados chaves,
com clientes especialmente preocupados com sua segurança.
O Google, de maneira tímida e limitada, somou-se a essa onda
espontânea de proteção do consumidor. Os dados privados serão apenas do
usuário que usar o Android L, seu novo sistema operacional, que foi
apresentado em junho e estará disponível no final do ano.
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