AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 15 Setembro 2014: Na gíria do turfe, a vitória dos EUA sobre a Sérvia na final da Copa
do Mundo de basquete era barbada. Favoritos ao título, com uma campanha
irretocável, a melhor em mundiais desde 1994, os americanos apenas
confirmaram o que quase todos já esperavam. Sobrando tecnica,
taticamente e fisicamente, derrotaram o bom time sérvio por 129 a 92 (67
a 41) e conquistaram o pentacampeonato da competição, se tornando os
maiores vencedores da história ao lado da ex-Iugoslávia. De quebra,
derrubaram um tabu de jamais terem conseguido vencer duas edições
seguidas, feito que só os europeus e o Brasil tinham.
O título
na noite deste domingo no Palacio de Deportes de Madri veio de maneira
tranquila por conta das atuações de Kyrie Irving e James Harden,
responsáveis por 26 e 23 pontos, respectivamente. Os pivôs Kenneth
Faried, com 12 pontos e sete rebotes, e DeMarcus Cousins, com 11 pontos e
nove rebotes, foram bons coadjuvantes, ficando próximos do duplo-duplo.
Pelo lado sérvio, Bjelica e Kalinic foram os cestinhas da equipe com 18
pontos. Carrasco do Brasil, Teodosic anotou 10, em uma discreta
exibição.
Comandada
por Teodosic, a Sérvia começou muito bem o jogo. Sua movimentação
confundia a marcação americana, que se irritava com as faltas marcadas.
Anthony Davis não demorou muito a sentar no banco, com duas. Cada bola
dos sérvios era disputada como se fosse a última. O banco, de pé, e a
maioria dos torcedores nas arquibancadas do Palacio de Deportes de Madri
jogavam juntos e ajudavam os europeus a fazerem 15 a 7. Displicentes,
os americanos não apresentavam a sua conhecida intensidade defensiva.
Mas
bastou um tempo pedido por Mike Krzyzewski para os melhores do mundo
provarem o por que são os atuais campeões. O primeiro baque sérvio
aconteceu com a segunda falta de Milos Teodosic, que teve que ser
poupado. O segundo, com o crescimento da dupla Irving/Harden, que
precisou de dois minutos para virar a partida. Com 24 pontos dos dois no
período, sendo 15 de Irving, os americanos aplicaram uma corrida de
13-0, tomaram conta da quadra, virando o placar e abrindo larga vantagem
de 14 pontos (35 a 21). Destaque para os 100% de aproveitamento nas
bolas de três (5/5).
A mão quente de fora continuou a favor dos americanos e foi o fator
desequilibrante do segundo quarto. Se o aproveitamento de 100% caiu para
69%, os 18 pontos oriundos desse quesito fizeram a vantagem subir para
casa dos 30. A Sérvia tentava, mas seu percentual dos três era
completamente inverso de seu rival. Foram apenas três bolas acertas das
11 tentadas, a última delas no estouro do cronômetro pelas mãos de
Kalinic, levantando o público (67 a 41).
O jogo já estava praticamente definido, mas os ânimos dentro de
quadra eram cada vez mais intensos na volta do intervalo. Em uma
tentativa de cravada, DeMarcus sofreu falta de Bjelica, mas deixou o
cotovelo na nuca do sérvio, que não gostou. O pivô era dono absoluto da
área pintada com 11 pontos e nove rebotes. O nível de provocação
aumentou, e as faltas técnicas, também. Foram duas contra os europeus. O
quarto seguia equilibrado até os quatro minutos finais, já que a
eficiência de fora dos EUA caiu.
Porém,
dois ataques seguidos de três de Kyrie Irving, em alguns segundos,
foram suficientes para recolocar a diferença no placar acima dos 30
pontos (91 a 59). Pela Sérvia, Teodosic não conseguia acompanhar a
intensidade do jogo e via Bjelica tomar seu lugar de destaque da equipe.
O ala marcou nove pontos no período, chegando a 18 no jogo, que
caminhava para seus últimos dez minutos com os EUA com as duas mãos na
taça (105 a 67).
O período final do Mundial de basquete foi
uma pelada, como diz a gíria do futebol. Com o título garantido, os EUA
passaram a só jogar na quadra de ataque e esquecer sua defesa. A Sérvia
passou a ganhar rebotes e fazer seus pontos, dando cravadas que
levantavam a galera. Ao ser substituído, Teodosic ouviu o coro de "MVP"
(jogador mais valioso). Raduljica e Bjelica também foram aclamados por
um povo que não se importava em perder para os EUA. O orgulho sérvio já
estava aflorado na pele de cada um.
Já os campeões
continuaram a fazer o que mais gostam: pontuar e dar espetáculo. Os 24
pontos nos 10 minutos finais os ajudaram a construir seu maior placar na
competição e dar números finais a um torneio de "uma só seleção" (129 a
92).
EQUIPAS:
EUA: Curry, Irving, Harden, Faried e Davis. Entraram: Rose, Thompson, DeRozan, Gay, Plumlee, Cousins e Drummond.
Tec: Mike Krzyzewski
Sérvia: Teodosic, Markovic, Bjelica, Kalinic, Raduljica. Entraram: Bircevic, Jovic, Bogdanovic, Simonovic, Krstic, Katic e Stimac.
Tec: Sasha Djordjevic