AUGUSTO CAMPOS | LUANDA: As autoridades do Mali, fronteiriço com a Guiné Conacri, anunciaram na quinta-feira a detecção de três casos suspeitos no seu território, que foram colocados em quarentena. Antes, a Libéria e a Serra Leoa haviam anunciado outros casos suspeitos.
Amostras de sangue das três pessoas suspeitas “foram enviadas para serem analisadas no laboratório de referência do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) de Atlanta, nos Estados Unidos”, anunciou o governo maliano.
“Na manhã de sexta-feira, as três pessoas estão melhor. Por exemplo, não constatamos sangramentos”, um dos sintomas da febre do ébola, afirmou à AFP o ministro maliano da Saúde e da Higiene Pública, Usman Koné.
De acordo com o doutor Umar Sangaré, da Direção Nacional de Saúde, estas três pessoas são provenientes do Mali. “Trabalham numa zona fronteiriça entre o Mali e a Guiné” e foram detectadas separadamente ao chegar ao território maliano, por via terrestre, em Bamako ou à entrada” de Bamako, especificou.
As autoridades malianas desaconselharam “as viagens não necessárias às zonas epidémicas”.
O país mais afectado por este surto viral é a Guiné Conacri, onde é registada uma epidemia de febre hemorrágica viral que matou 86 pessoas dos 137 casos registados desde Janeiro, em particular nos distritos do sul, segundo o último balanço oficial do governo da Guiné.
Foi constatado que 45 destes casos contraíram de facto o ébola, um vírus contra o qual não há vacina ou tratamento e que é altamente contagioso e letal. Mas foi registada a cura, confirmada por análises, de duas pessoas afectadas pelo ébola em Conacri que estavam em quarentena, indicou o governo da Guiné na noite de quinta-feira. A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), muito activa na Guiné, fala de uma “epidemia sem precedentes”.
Vários casos suspeitos, alguns deles fatais, foram diagnosticados nos últimos dias na Libéria e na Serra Leoa, todos ligados a uma contaminação originada na vizinha Guiné. As análises deram positivo ao vírus do ébola em dois casos na Libéria e negativo nos casos em Serra Leoa.
Mas na quinta-feira o Ministério da Saúde liberiano anunciou a descoberta de um novo caso suspeito numa zona florestal próxima de Tapeta, na região de Nimba (Leste), que, ao contrário dos precedentes, não está relacionado com a Guiné Conacri.
Segundo o chefe dos serviços médicos da Libéria, Bernice Dahn, trata-se de um caçador que “não esteve em contacto com nenhuma pessoa suspeita de ser portadora do vírus” do ébola e que nunca foi à Guiné.
Amostras de sangue deste caçador foram enviadas à Guiné Conacri para serem analisadas e, “à espera dos resultados, pedimos que a população permaneça afastada da carne de caça silvestre em todo o país”, alertou Dahn.
O vírus é transmitido por contacto directo com o sangue e outros fluidos naturais, ou com tecidos de indivíduos infectados, tanto humanos quanto animais, vivos ou mortos.
F: JA