AUGUSTO CAMPOS | LUANDA: A cantora Angolana Yola Semedo é desde o ano de 2013 o novo rosto nas publicidades da Agência de Notícias angolana Angop. Soube o Canal 82 de Fonte oficial.
ENTREVISTA COM YOLA ARAÚJO NA ANGOP
Angop: Que projectos tem preparados a curto-médio prazo?
Yola Semedo (YS):
Para os próximos anos estou a preparar o meu disco, que já tem título,
mas será ainda segredo até o anúncio do lançamento e de estar tudo
delineado, em termos de data de produção, aí a Angop será a primeira a
saber e divulgar. A equipa que está a trabalhar no projecto é a mesma,
como se diz, em equipa que ganha não se mexe, então não vamos mudar os
que têm trabalhado comigo.
Como produtor musical conto com a
participação do Nelo Paím, que tem sido um amigo e mentor, por ter uma
experiência vasta nas lides musicais. E como já resolvemos que vamos
andar um pouco pelo Mundo a explorar outras culturas, juntando o que
ganhamos com o disco “Minha Alma” e de outros trabalhos que fizemos
juntos, para fazermos algo diferente, mas tudo em prol do melhoramento
do trabalho.
Angop: Porquê a música e não outra arte ou profissão?
YS:
A música é basicamente a minha vida. Eu cresci no seio de uma família
que está muito ligada à música, é uma tradição, é um legado familiar, e
não tem como não cantar. A música dignifica a minha pessoa, por isso
tenho a exigência de procurar trabalhar sempre mais e melhor para estar
sempre bem comigo mesma.
Angop: Como tem sido a
promoção do produto Yola Semedo no mercado internacional, já que grande
parte dos nossos músicos está a procura de outros mercados?
YS:
Confesso que nesse aspecto sou um pouco preguiçosa, mas por alguns
motivos, já que alguns projectos que tinha em curso não estavam a correr
como o planificado, então senti que não estava preparada o suficiente
para levar a minha música para fora, com promoção, espectáculos,
entrevistas, entre outros itens que esta actividade acarreta.
Não
adianta só levar a nossa música e imagem para fora do país, temos que
saber como manter a mesma, porque não temos que levar só, pois muitas
das vezes não nos vão ouvir a primeira e segunda vez, mas é preciso
batermos constantemente para que sejamos ouvidos.
Para esta
empreitada é preciso ter mais experiência, buscar outros requisitos para
tentar lançar a carreira lá fora, internacionalizar, e dar o meu
melhor, para o caso de não dar certo, ter consciência de que não fui eu
que falhei, mas que tentei o máximo.
Angop: O que lhe serve de inspiração para compor as suas músicas?
YS:
Muito honestamente acredito que cantar foi um dom que Deus me deu,
então a inspiração é algo natural. Tudo aquilo que vejo no dia-a-dia, o
amor, a tristeza, o sofrimento, revolta, luta quotidiana, tudo isso me
serve de inspiração.
Angop: Que avaliação faz do actual momento musical do país?
YS:
Está a crescer cada vez mais, já é bem notório que estamos a chegar
àquela fase em que a qualidade está a tomar conta do mercado. Nesta
senda, dou um conselho a todos aqueles que queiram fazer música: não
adianta só cantar por cantar, é importante estarmos ligados e envolvidos
na música, fazer uma formação, já que temos escolas de música no país, é
necessário formamarem-se, terem noção mínima da prática da música, que
vai ajudar no que se quer fazer. É mais predominante do que ter apenas
uma capa bonita, um instrumental gravado em um estúdio.
A
música tem um período de vida, porque o que vai ficar, depois deste
período de vida, é aquele produto que fez com a qualidade necessária
para o seu público. Se o músico não estiver preparado não vai sobreviver
nos próximos tempos, onde a qualidade sobrepõem-se a quantidade. Não
basta só talento, é preciso aliar esse talento a alguma formação, temos
que pesquisar, informar-nos. A música está a mudar como todas as
profissões do Mundo.
Se não estivermos mentalmente preparado para
seguir, acabaremos por ficar para trás, a melhor forma de seguirmos a
carreira musical é termos uma formação aliada ao talento.
Angop: Canta em português e inglês. Em qual das duas línguas lhe dá mais prazer cantar?
YS:
Risos. Neste momento as duas línguas dão-me prazer em cantar. Quando
vim da Namíbia cantava só em inglês, já que não falava muito bem o
português, porque fui viver para lá muito pequena e só me comunicava,
mesmo em casa, em inglês. Agora sei que tenho muitos fãs em países que
falam português, para além de Angola, e já notei que tenho fãs em países
que falam o inglês. As duas línguas têm que estar no meu coração para
fazer um excelente trabalho em termos de composição e melodia.
Angop: Como fica o grupo Impactus 4, onde era a vocalista principal, depois de “abraçar” o projecto a solo?
YS:
Os Impactus 4 continua, mas tenho que confessar que estamos um pouco
preguiçosos. Sempre fui a mais rebelde do grupo, mas também sempre fui a
que mais insistiu nos projectos para que fizéssemos alguns trabalhos.
Acredito que dentro em breve vamos sacudir a poeira e vamos entrar no
estúdio para trabalhar no nosso disco. Até porque somos uma família
tradicionalmente ligada à música. Não temos como deixar de fazer música.
Vamos estar no grupo até a nossa morte, independentemente de alguns
projectos individuais que cada um possa ter. Este foi o legado que o
nosso pai deixou para nós. É o testemunho que vamos deixar também para
os nossos filhos.
Angop: Como cantora já se sente realizada?
YS:
Não. Não me sinto realizada. Se eu me sentisse realizada não estava
preocupada em levar o meu próximo álbum para o público. Parava de fazer
música. O nosso mercado é tão grande, há espaço para todos e nós que
estamos a mais tempo no mercado temos a obrigação de continuar com esta
arte, para inspirar aqueles que queiram trabalhar neste ramo. Não me
sinto uma mulher realizada porque não deixei o meu testemunho, não só
para o meu filho, como para as pessoas que queiram fazer música e me têm
como inspiração. Como projectos vou ver se sai uma escola de música,
para ajudar a formar os novos talentos, aí me vou sentir realizada.
Angop: Já se vive do rendimento da música no país?
YS:
Eu, graças à Deus, vivo. Não posso falar em nome de outros, mais hoje
já se consegue viver do fruto desse trabalho. Como em qualquer outra
profissão, se nós tivermos os nossos objectivos bem delineados
conseguimos viver do fruto do trabalho.
Angop: Gostaria que o seu filho seguisse a carreira musical?
YS:
Com certeza que o meu filho vai seguir a carreira musical, até porque a
música é óptima para a disciplina pessoal. A música já está no sangue
do meu filho, já que a mãe e o pai lhe vão ensinar a fazer música. Ele
vai estudar o que quiser, mas a música estará na sua vida como uma
carreira.
Angop: Quanto tempo mais pensa cantar?
YS: Até
ao meu último suspiro. Penso cantar até não poder mais, enquanto tiver
vida vou continuar a fazer aquilo que melhor sei fazer na vida: cantar.
Angop: O quelhe dá mais trabalho, preparar um álbum ou cuidar do seu filho?
YS:
Risos. Boa pergunta, as duas coisas, afinal um disco também é um filho.
Mas sem sombra de dúvidas que preparar um disco é muito mais difícil,
já que ao trabalharmos no disco estamos a pensar num povo, num país com
milhões de habitantes que apreciam a nossa música. Agora o nosso filho, o
coração de mãe sabe como cuidar, tem uma química, o amor fala por si, e
tens que fazer só para ti e para ele. O disco tem que ser feito a
pensar em outros, nos críticos, trabalhar para agradar a gregos e
troianos, mas sabemos que é difícil agradar a todos.
Quem é Yola Semedo?
Yola
Moutofa Coimbra Semedo, nascida no município do Lobito, província de
Benguela, iniciou a sua carreira musical em 1984, como vocalista do
grupo Impactus 4 (formada por seus irmãos).
Conquistou o prémio
de “Voz de Ouro de África” (1995), em representação de Angola no
festival organizado pela Unesco, na Bulgária, e foi considerada a melhor
voz feminina de Angola, por três vezes consecutivas (2000, 2006, 2007).
Ganhou
o prémio de "Balada do ano (2006)" e de "Melhor intérprete feminina",
por duas vezes (2006 e 2007), "Diva do ano", em 2007 e 2008, e
conquistou a edição 2010 do "Top dos Mais Queridos", uma realização da
Rádio Nacional de Angola.
Tem ainda no mercado "Diário de Memorias" e o Dvd 25 anos de carreira.
PARTILHA NO FACEBOOK COM AMIGOS...