Por: Augusto Campos | Canal 82 | Luanda - Afonso Quintas uma das figuras mais conhencidas do jornalismo angolano e destaque na rádio luanda 99.9 fm, está a concluir os processos juntos do Ministério Da Comunicação Social para a criação da sua própria emissora radiofónica A CAPITAL FM. A rádio disse Afonso Quintas que actualmente é Director da Rádio Luanda, terá como principal fim a promoção de músicos angolanos. A informação foi adiantada em entrevista ao jornal OPAÍS.
Afonso Quintas é um dos radialistas angolanos mais conhecidos e um dos veteranos da Rádio Nacional de Angola (RNA). Com uma voz invejável tem inspirado vários jovens que se iniciam na profissão e revela ainda uma outra faceta, a empresarial, com o lançamento da sua rádio privada, a Capital FM. O profissional do éter confessa que a sua meta é ser rico, ambicionando voar mais alto: ser presidente do conselho de administração da RNA ou o cargo de ministro da Comunicação Social são dois objectivos presentes.
Porquê a profissão de radialista?
Entrei para a rádio por curiosidade, não era ouvinte, nem sequer sabia onde ficava a RNA. Mas, por coincidência, houve uma vez em que reparei numa multidão à porta dessa rádio, parei para saber o que se passava, quando alguém me disse que estavam a fazer testes para locutores. E lá fui fazer os testes. Se dissesse que a rádio sempre foi o meu sonho, só porque estou nessa área, estaria a mentir. Mas ganhei o gosto, hoje tenho o bichinho entranhado.
Lembra-se do primeiro dia?
Não foi fácil. A primeira vez que tive a honra de usar o microfone da RNA foi num programa em directo, no carro móvel, de exteriores, naquela altura era o nosso azulinho. Mas o feedback foi tão positivo que recebi o incentivo da direcção. Depois, aconteceu tudo tão rápido que quando me dei conta já estava a fazer o programa Luanda Jovem. Depois tive programas de cultura, enfim foi acontecendo. Fui abençoado por Deus e tive muitas oportunidades, embora no início tenham acontecido situações desagradáveis.
Tais como?
Eu e outros colegas chegámos a ser proibidos de usar o microfone, porque não sabíamos falar português, e outras situações que serviram para que melhorássemos. Uma vez aconteceu-me estar ao microfone e o chefe Luís Traça mandar-me para a rua, dizendo-me que eu não tinha nascido para a rádio. Saíamos a rir, na altura aquilo não nos dizia nada, éramos putos, eu tinha uns 18 anos. Mas lá continuávamos. É lógico que é sempre uma grande responsabilidade usar o microfone, mas essa responsabilidade só se ganha com o tempo. Acho que se hoje me aparecesse alguém imaturo como eu era, seria capaz de reprová-lo. Deus foi justo comigo.
Alguém o apoiou no início da carreira?
Na altura em que entrei na RNA ninguém apoiava ninguém, estavam todos a lutar para ter o seu lugar, não de chefia, mas para ter algum reconhecimento. Era sempre uma luta para ver quem falava ao microfone. Para se ter uma ideia, os locutores da RNA eram o Joaquim Gonçalves, o Armindo Macedo, a Paula Simons, o Francisco Simons, a Carla Castro, pessoas que naquela altura se podiam considerar profissionais insubstituíveis. Tenho como meu mestre o Evaristo José, mas tenho como ídolo o Joaquim Gonçalves. Ele tinha uma dinâmica muito própria de fazer rádio, eu gostava de observá-lo e tentava imitar, mas não conseguia, não havia como. Continuei a fazer rádio com o Evaristo José, com quem trabalhava directamente na Rádio Cidade, hoje Rádio Luanda, e essas duas pessoas ensinaram-me a ter uma melhor postura profissional, foram corrigindo os meus erros, enfim fui aprendendo com eles. Não fui dos melhores alunos, até acho que dos cinco que entraram naquela altura eu era o pior, mas a verdade é que desse grupo hoje só resto eu. Os outros desistiram e cada um tomou o rumo da sua vida. Todas as pessoas que dominavam a rádio eram uma fonte de inspiração. Posso mencionar a directora, forma como tratávamos carinhosamente Luísa Fançony, hoje directora da Luanda Antena Comercial (LAC). Ainda hoje, sempre que a encontro ainda a trato por directora. Na altura, via-a como uma senhora má, era a directora de programas, extremamente rígida, extremamente profissional, mas hoje vejo como ela era profissional e também foi um grande incentivo para mim.
Há quanto tempo faz rádio?
Tenho 26 anos de rádio [risos], quatro dos quais a andar pelos corredores, já que não tinha acesso ao microfone. Fazia uma ou outra reportagem e apresentava espectáculos. Tive a sorte de fazer a série cómica Os Cajocolos da Banda, que me deu alguma projecção como humorista e também aproveitei esse facto.
E quais são os programas que já fez?
Já fiz muitos programas, mas há alguns que ficaram sob minha responsabilidade, casos do Luanda Jovem e do Kiandando.
Actualmente faz o Viva Noite e o Viagens ao Passado, quais são as temáticas abordadas?
O Viva Noite, de início, era um programa de carácter informativo, mas também recreativo. Tínhamos uma série de rubricas de informação, mas também havia uma parte cómica, como ‘As Cartas para o meu Kamba João’. Mas como o_Kiandando tinha uma carga informativa muito forte, o Viva Noite passou a ser um programa exclusivamente de entretenimento. Hoje queremos pessoas mais bem-dispostas, conversas agradáveis que agarrem as pessoas. Já não falamos de política, nem de problemas sociais, mas de lugares para namorar, de Luanda à noite, da vida dos músicos. Costumo dizer que 98% das músicas que passam no programa são de cantores angolanos.
E o Viagens ao Passado?
É dos programas que maior satisfação me dá, sinto-me bem ao fazê-lo. É o único programa proibido a menores de 40, é uma faixa etária que merece o meu respeito, não quer dizer que as outras não mereçam, mas este é um programa que fala do passado, é uma viagem que faço por um tempo que não vivi, mas que faz com que tenha o prazer de conviver com as pessoas que viveram nesse tempo.
Alguma vez pensou em desistir da carreira?
Não tenho motivos [risos], sou abençoado por Deus. Como diz o kudurista Negrilha: ‘Se Deus é por nós, quem será contra nós?’.
Nunca pensou na possibilidade de ter um programa com o seu nome?
Todos os programas que faço, directa ou indirectamente, têm a minha cara. O Viva Noite começa com a minha entrada à Afonso Quintas, o Viagens ao Passado assim começa, modéstia à parte penso que terei sido o primeiro a fazê-lo nos programas de rádio, dando um nome e um rosto ao programa.
A sua voz é treinada ou é natural?
Centésima quarta pergunta sobre a minha voz [risos]. Com toda a honestidade, a responsabilidade da minha voz só aos meus pais se deve entregar. Nunca fiz tratamento nenhum, nunca fiz nada para ter esta voz, por isso continuo a dizer que sou abençoado… Também é uma questão de hábito, são muitos anos a ouvirem a minha voz, ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura’. Devo ter sido concebido num dia de muito barulho, por isso tenho esta voz pesada e grossa. Não há segredo, é apenas uma bênção de Deus.
Qual a sua opinião sobre os jovens que imitam a sua voz, numa apresentação de um evento ou no meio publicitário?
Acredito que eles não estejam a imitar a minha voz, antes gostariam de ser como o Afonso Quintas. É claro que me dá um enorme prazer assistir a esse fenómeno, em que os jovens acham que fazer rádio é fazer como eu faço. Por outro lado, acho que há-de chegar o dia em em que esses jovens terão a sua própria identidade e personalidade.
Sou um homem abençoado e feliz por inspirar jovens, isso demonstra que tenho feito algo que agrada às pessoas. O que eu peço a esses jovens é para terem um pouco mais de cuidado, porque já há vozes que fico sem saber se é a minha ou não [risos]. Começo a ficar preocupado.
Já houve alguma cena caricata por causa dessas imitações?
Já houve uma pessoa que quis entrar numa festa, pensando que era eu que a estava a apresentar. Ligou-me, pedindo-me para ir à porta, mas eu respondi-lhe que estava em casa a dormir. E ele dizia-me: ‘É mentira, você está aqui, estamos a ouvi-lo’. Há vozes que me deixam feliz, em que fico com a impressão que se deixar de fazer rádio amanhã, há-de surgir um Afonso Quintas à altura.
Teve alguma formação na área?
Tinha que ser, senão não seria possível chegar até aqui. Fiz o PUNIV [centro pré-universitário], depois fui para a faculdade de Direito e, no segundo ano, desisti e fui fazer o curso médio de jornalismo, era puto, foi na altura em que entrei para a rádio. Não sabia nada de rádio, não sabia nada de jornalismo. Depois tive o prazer de estudar na escola brasileira de Heleno Rotay, um dos melhores locutores que o Brasil tinha. Fiquei três, quatro meses a fazer formação, fiz variadíssimos cursos em Portugal. Sou um autodidacta, sempre que viajo a curiosidade mata-me, leva-me sempre a uma estação de rádio ou a uma televisão. Estou sempre a ler coisas que me fazem crescer e estou sempre a ouvir outras estações de rádio. O jornalismo aprende-se todos os dias, principalmente com a prática, com outros colegas. Aprendi a fazer notícia com um senhor que é hoje uma referência no jornalismo angolano, o Ismael Mateus. Diariamente estou numa escola a aprender, no jornalismo, aprende-se todos os dias.
Já desistiu do sonho de fazer Direito?
Não, mas agora vou ter que fazer Gestão de Empresas. Preciso de encontrar uma forma de voltar a estudar. Quero crescer na área empresarial, uma vez que tenho de gerir pessoas, tenho uma empresa para gerir.
Tem também um estúdio de música com o seu nome.
Chegou uma altura da minha vida em que o salário da rádio já não me dizia nada. Ser funcionário da RNA e não conseguir sustentar a fama que tinha, deixava-me triste. Então, decidi dar um outro rumo à minha vida e encontrei na música – edição e produção de disco de alguns artistas – o negócio certo. Sou sonhador, quero ser rico e tive a oportunidade de abrir essa casa, pedi um empréstimo ao banco e abri o negócio. Neste momento, já tenho seis casas de música, deixei de ser um mero comerciante e passei a ser um empreendedor. Hoje temos um bom volume de trabalho, também graças ao nome que fiz na rádio. Já pensei em colocar a rádio de lado por algum tempo, para me dedicar mais ao meu negócio. Não que queira abandonar a rádio, aliás ainda estou à espera que o ministério da Comunicação Social se digne a autorizar a abertura da minha própria rádio, a Capital FM.
Quais os conteúdos que terá a Capital FM?
Vendo música e a Capital FM será uma rádio musical. Só vai falar de música, ter conversas com músicos. É um sonho que quero realizar. Sou uma pessoa que sonha alto, quero ganhar muito dinheiro e não tenho vergonha de dizê-lo.
Sonhar alto é o quê? Ser director da RNA?
Não, para mim isso já não é um sonho. Quero ser ministro da Comunicação Social. Se não for, para começar, quero ser o PCA da RNA.
Qual é a opinião dos seus filhos em relação ao seu trabalho?
Juro que não sei, nunca falei de rádio com os meus filhos. Já levei os meus filhos à rádio, sei que nenhum deles quer ser radialista, mas acho que no fundo devem ter uma certa vaidade, nunca me disseram.
Nota-se que é um homem vaidoso.
Gosta de fazer colecção de objectos caros e roupa de marca?
Isso foi acontecendo naturalmente [risos]. Se a minha mãe, a senhora dona Marta visse o número de relógios que tenho era capaz de se assustar. Não é que faça colecção, é por gosto, por prazer, adoro comprar relógios. Se tivesse dinheiro, também adoraria comprar mais carros. Já cheguei a ter muitos carros ao mesmo tempo, já parecia um coleccionador. Mas não colecciono nada, gosto de me vestir bem, gosto de comprar roupas, perfumes, tudo para meu prazer, não para mostrar às pessoas que tenho.
ENTRVISTA COMPLETA:
Afonso Quintas é um dos radialistas angolanos mais conhecidos e um dos veteranos da Rádio Nacional de Angola (RNA). Com uma voz invejável tem inspirado vários jovens que se iniciam na profissão e revela ainda uma outra faceta, a empresarial, com o lançamento da sua rádio privada, a Capital FM. O profissional do éter confessa que a sua meta é ser rico, ambicionando voar mais alto: ser presidente do conselho de administração da RNA ou o cargo de ministro da Comunicação Social são dois objectivos presentes.
Porquê a profissão de radialista?
Entrei para a rádio por curiosidade, não era ouvinte, nem sequer sabia onde ficava a RNA. Mas, por coincidência, houve uma vez em que reparei numa multidão à porta dessa rádio, parei para saber o que se passava, quando alguém me disse que estavam a fazer testes para locutores. E lá fui fazer os testes. Se dissesse que a rádio sempre foi o meu sonho, só porque estou nessa área, estaria a mentir. Mas ganhei o gosto, hoje tenho o bichinho entranhado.
Lembra-se do primeiro dia?
Não foi fácil. A primeira vez que tive a honra de usar o microfone da RNA foi num programa em directo, no carro móvel, de exteriores, naquela altura era o nosso azulinho. Mas o feedback foi tão positivo que recebi o incentivo da direcção. Depois, aconteceu tudo tão rápido que quando me dei conta já estava a fazer o programa Luanda Jovem. Depois tive programas de cultura, enfim foi acontecendo. Fui abençoado por Deus e tive muitas oportunidades, embora no início tenham acontecido situações desagradáveis.
Tais como?
Eu e outros colegas chegámos a ser proibidos de usar o microfone, porque não sabíamos falar português, e outras situações que serviram para que melhorássemos. Uma vez aconteceu-me estar ao microfone e o chefe Luís Traça mandar-me para a rua, dizendo-me que eu não tinha nascido para a rádio. Saíamos a rir, na altura aquilo não nos dizia nada, éramos putos, eu tinha uns 18 anos. Mas lá continuávamos. É lógico que é sempre uma grande responsabilidade usar o microfone, mas essa responsabilidade só se ganha com o tempo. Acho que se hoje me aparecesse alguém imaturo como eu era, seria capaz de reprová-lo. Deus foi justo comigo.
Alguém o apoiou no início da carreira?
Na altura em que entrei na RNA ninguém apoiava ninguém, estavam todos a lutar para ter o seu lugar, não de chefia, mas para ter algum reconhecimento. Era sempre uma luta para ver quem falava ao microfone. Para se ter uma ideia, os locutores da RNA eram o Joaquim Gonçalves, o Armindo Macedo, a Paula Simons, o Francisco Simons, a Carla Castro, pessoas que naquela altura se podiam considerar profissionais insubstituíveis. Tenho como meu mestre o Evaristo José, mas tenho como ídolo o Joaquim Gonçalves. Ele tinha uma dinâmica muito própria de fazer rádio, eu gostava de observá-lo e tentava imitar, mas não conseguia, não havia como. Continuei a fazer rádio com o Evaristo José, com quem trabalhava directamente na Rádio Cidade, hoje Rádio Luanda, e essas duas pessoas ensinaram-me a ter uma melhor postura profissional, foram corrigindo os meus erros, enfim fui aprendendo com eles. Não fui dos melhores alunos, até acho que dos cinco que entraram naquela altura eu era o pior, mas a verdade é que desse grupo hoje só resto eu. Os outros desistiram e cada um tomou o rumo da sua vida. Todas as pessoas que dominavam a rádio eram uma fonte de inspiração. Posso mencionar a directora, forma como tratávamos carinhosamente Luísa Fançony, hoje directora da Luanda Antena Comercial (LAC). Ainda hoje, sempre que a encontro ainda a trato por directora. Na altura, via-a como uma senhora má, era a directora de programas, extremamente rígida, extremamente profissional, mas hoje vejo como ela era profissional e também foi um grande incentivo para mim.
Há quanto tempo faz rádio?
Tenho 26 anos de rádio [risos], quatro dos quais a andar pelos corredores, já que não tinha acesso ao microfone. Fazia uma ou outra reportagem e apresentava espectáculos. Tive a sorte de fazer a série cómica Os Cajocolos da Banda, que me deu alguma projecção como humorista e também aproveitei esse facto.
E quais são os programas que já fez?
Já fiz muitos programas, mas há alguns que ficaram sob minha responsabilidade, casos do Luanda Jovem e do Kiandando.
Actualmente faz o Viva Noite e o Viagens ao Passado, quais são as temáticas abordadas?
O Viva Noite, de início, era um programa de carácter informativo, mas também recreativo. Tínhamos uma série de rubricas de informação, mas também havia uma parte cómica, como ‘As Cartas para o meu Kamba João’. Mas como o_Kiandando tinha uma carga informativa muito forte, o Viva Noite passou a ser um programa exclusivamente de entretenimento. Hoje queremos pessoas mais bem-dispostas, conversas agradáveis que agarrem as pessoas. Já não falamos de política, nem de problemas sociais, mas de lugares para namorar, de Luanda à noite, da vida dos músicos. Costumo dizer que 98% das músicas que passam no programa são de cantores angolanos.
E o Viagens ao Passado?
É dos programas que maior satisfação me dá, sinto-me bem ao fazê-lo. É o único programa proibido a menores de 40, é uma faixa etária que merece o meu respeito, não quer dizer que as outras não mereçam, mas este é um programa que fala do passado, é uma viagem que faço por um tempo que não vivi, mas que faz com que tenha o prazer de conviver com as pessoas que viveram nesse tempo.
Alguma vez pensou em desistir da carreira?
Não tenho motivos [risos], sou abençoado por Deus. Como diz o kudurista Negrilha: ‘Se Deus é por nós, quem será contra nós?’.
Nunca pensou na possibilidade de ter um programa com o seu nome?
Todos os programas que faço, directa ou indirectamente, têm a minha cara. O Viva Noite começa com a minha entrada à Afonso Quintas, o Viagens ao Passado assim começa, modéstia à parte penso que terei sido o primeiro a fazê-lo nos programas de rádio, dando um nome e um rosto ao programa.
A sua voz é treinada ou é natural?
Centésima quarta pergunta sobre a minha voz [risos]. Com toda a honestidade, a responsabilidade da minha voz só aos meus pais se deve entregar. Nunca fiz tratamento nenhum, nunca fiz nada para ter esta voz, por isso continuo a dizer que sou abençoado… Também é uma questão de hábito, são muitos anos a ouvirem a minha voz, ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura’. Devo ter sido concebido num dia de muito barulho, por isso tenho esta voz pesada e grossa. Não há segredo, é apenas uma bênção de Deus.
Qual a sua opinião sobre os jovens que imitam a sua voz, numa apresentação de um evento ou no meio publicitário?
Acredito que eles não estejam a imitar a minha voz, antes gostariam de ser como o Afonso Quintas. É claro que me dá um enorme prazer assistir a esse fenómeno, em que os jovens acham que fazer rádio é fazer como eu faço. Por outro lado, acho que há-de chegar o dia em em que esses jovens terão a sua própria identidade e personalidade.
Sou um homem abençoado e feliz por inspirar jovens, isso demonstra que tenho feito algo que agrada às pessoas. O que eu peço a esses jovens é para terem um pouco mais de cuidado, porque já há vozes que fico sem saber se é a minha ou não [risos]. Começo a ficar preocupado.
Já houve alguma cena caricata por causa dessas imitações?
Já houve uma pessoa que quis entrar numa festa, pensando que era eu que a estava a apresentar. Ligou-me, pedindo-me para ir à porta, mas eu respondi-lhe que estava em casa a dormir. E ele dizia-me: ‘É mentira, você está aqui, estamos a ouvi-lo’. Há vozes que me deixam feliz, em que fico com a impressão que se deixar de fazer rádio amanhã, há-de surgir um Afonso Quintas à altura.
Teve alguma formação na área?
Tinha que ser, senão não seria possível chegar até aqui. Fiz o PUNIV [centro pré-universitário], depois fui para a faculdade de Direito e, no segundo ano, desisti e fui fazer o curso médio de jornalismo, era puto, foi na altura em que entrei para a rádio. Não sabia nada de rádio, não sabia nada de jornalismo. Depois tive o prazer de estudar na escola brasileira de Heleno Rotay, um dos melhores locutores que o Brasil tinha. Fiquei três, quatro meses a fazer formação, fiz variadíssimos cursos em Portugal. Sou um autodidacta, sempre que viajo a curiosidade mata-me, leva-me sempre a uma estação de rádio ou a uma televisão. Estou sempre a ler coisas que me fazem crescer e estou sempre a ouvir outras estações de rádio. O jornalismo aprende-se todos os dias, principalmente com a prática, com outros colegas. Aprendi a fazer notícia com um senhor que é hoje uma referência no jornalismo angolano, o Ismael Mateus. Diariamente estou numa escola a aprender, no jornalismo, aprende-se todos os dias.
Já desistiu do sonho de fazer Direito?
Não, mas agora vou ter que fazer Gestão de Empresas. Preciso de encontrar uma forma de voltar a estudar. Quero crescer na área empresarial, uma vez que tenho de gerir pessoas, tenho uma empresa para gerir.
Tem também um estúdio de música com o seu nome.
Chegou uma altura da minha vida em que o salário da rádio já não me dizia nada. Ser funcionário da RNA e não conseguir sustentar a fama que tinha, deixava-me triste. Então, decidi dar um outro rumo à minha vida e encontrei na música – edição e produção de disco de alguns artistas – o negócio certo. Sou sonhador, quero ser rico e tive a oportunidade de abrir essa casa, pedi um empréstimo ao banco e abri o negócio. Neste momento, já tenho seis casas de música, deixei de ser um mero comerciante e passei a ser um empreendedor. Hoje temos um bom volume de trabalho, também graças ao nome que fiz na rádio. Já pensei em colocar a rádio de lado por algum tempo, para me dedicar mais ao meu negócio. Não que queira abandonar a rádio, aliás ainda estou à espera que o ministério da Comunicação Social se digne a autorizar a abertura da minha própria rádio, a Capital FM.
Quais os conteúdos que terá a Capital FM?
Vendo música e a Capital FM será uma rádio musical. Só vai falar de música, ter conversas com músicos. É um sonho que quero realizar. Sou uma pessoa que sonha alto, quero ganhar muito dinheiro e não tenho vergonha de dizê-lo.
Sonhar alto é o quê? Ser director da RNA?
Não, para mim isso já não é um sonho. Quero ser ministro da Comunicação Social. Se não for, para começar, quero ser o PCA da RNA.
Qual é a opinião dos seus filhos em relação ao seu trabalho?
Juro que não sei, nunca falei de rádio com os meus filhos. Já levei os meus filhos à rádio, sei que nenhum deles quer ser radialista, mas acho que no fundo devem ter uma certa vaidade, nunca me disseram.
Nota-se que é um homem vaidoso.
Gosta de fazer colecção de objectos caros e roupa de marca?
Isso foi acontecendo naturalmente [risos]. Se a minha mãe, a senhora dona Marta visse o número de relógios que tenho era capaz de se assustar. Não é que faça colecção, é por gosto, por prazer, adoro comprar relógios. Se tivesse dinheiro, também adoraria comprar mais carros. Já cheguei a ter muitos carros ao mesmo tempo, já parecia um coleccionador. Mas não colecciono nada, gosto de me vestir bem, gosto de comprar roupas, perfumes, tudo para meu prazer, não para mostrar às pessoas que tenho.
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