Mercados de Luanda, como o célebre Roque Santeiro em 2010, foram
encerrados ou transferidos nos últimos anos. Em 2012, o governo
provincial decretou o fim das vendas de rua. A polícia intensificou a
pressão sobre os vendedores ambulantes. E os episódios de violência
tornaram-se mais frequentes. A organização de direitos humanos Human
Rights Watch (HRW) dedica o seu mais recente relatório sobre Angola,
publicado esta segunda-feira, a este universo dos vendedores de rua –
constituem uma parte importante da população de Luanda e da população
mais pobre.
A violência das autoridades
é denunciada e descrita no contexto mais vasto de uma violência social
contra pessoas em situação vulnerável, sob a ameaça de figuras da
autoridade do Estado, sem conhecimento dos seus direitos e sem
alternativa de sustento que não seja a zunga. Zunga, é como se chama a
venda ambulante em Angola. A ela se dedicam essencialmente mulheres,
conhecidas como zungueiras. Muitas vivem na “pobreza extrema”.
As
vendas de rua são o seu principal – se não único – sustento. Mesmo
grávidas ou carregando os filhos pequenos às costas, são agredidas pela
polícia, denuncia a HRW no relatório de 38 páginas. Desde que, em
Outubro de 2012, o governador provincial de Luanda, anunciou novas
medidas para acabar com a venda informal nas ruas da capital, a polícia
intensificou a repressão, conclui o documento publicado esta
segunda-feira e que reproduz testemunhos.
Partilha com amigos…
AUGUSTO CAMPOS | KAMPUS CANAL 82 | LUANDA