O Banco da China abre no segundo semestre uma sucursal em Angola, “a fim de apoiar o comércio e facilitar o investimento chinês”, disse na quarta-feira em Luanda o vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola-China, Xu Ning, em declarações à agência financeira Bloomberg.
O banco foi autorizado a abrir uma sucursal em Angola em Maio de 2016, nos termos de um despacho presidencial, indo operar no país com a designação Banco da China - Sucursal em Angola.
O Banco da China anunciou em Dezembro de 2012 ter sido autorizado pelo Governo angolano a abrir um escritório de representação na capital, Luanda, “o primeiro banco de capitais chineses a ter sido aprovado pelo Banco Nacional de Angola”.
Em finais do ano passado, mais de 600 empresários angolanos e chineses mostraram interesse em intensificar parcerias em diversos sectores económicos em Angola, com destaque para a agricultura, indústria e infra-estruturas.
O presidente da Câmara de Comércio Angola-China, Arnaldo Calado, manifestou o engajamento da instituição em trabalhar na criação de condições para que os empresários e investidores chineses continuem a olhar para Angola com confiança e a investir cada vez mais no país.
Arnaldo Calado revelou, na altura, que a concentração de investimentos chineses em Luanda deve-se a uma certa falta de determinação dos empresários angolanos em realizar negócios e investimentos noutras regiões do país.
“Os empresários chineses vêm pela mão dos angolanos, desembarcam todos aqui. Já existem muitos chineses a investir fora de Luanda”, referiu.
Arnaldo Calado apelou aos empresários angolanos para serem mais organizados e credíveis para beneficiarem de investimento dos empresários chineses. “Existem empresários angolanos que dizem aos seus colegas chineses uma coisa e fazem outra. Isto prejudica a nossa boa relação”, afirmou.
Economia pujante
A instalação da sucursal do Banco da China em Luanda e a intensificação de parcerias entre os empresários angolanos e chineses ocorre uma altura em que o Banco Mundial (BM) faz uma previsão bastante optimista em relação à economia chinesa, com um crescimento estimado de 6,5 por cento em 2017, e de ligeiro abrandamento nos próximos dois anos, face à transição do país para um novo modelo económico.
Durante a apresentação do relatório “Atualização económica do Leste Asiático e Pacífico”, o economista chefe do BM para a região, Sudhir Shetty, disse estar certo de que o Governo de Pequim “conseguirá abordar os principais riscos” que ameaçam a sua economia.
O relatório advertiu para o aumento da dívida corporativa do país, onde as empresas, sobretudo estatais, terminaram 2016 com uma dívida equivalente a 170 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com dados de organismos internacionais.
A instituição recomendou ao Governo de Pequim que enfrente este problema, mediante a reestruturação dos grupos estatais e lembrou a importância de fortalecer o controlo sobre o sistema bancário paralelo e abordar o crescente endividamento das famílias com o imobiliário.
O BM previu que o ritmo de crescimento da economia chinesa continue a abrandar até 6,3 por cento, em 2018 e 2019, graças às políticas governamentais contra o excesso de capacidade de produção e aumento do crédito.
Sudhir Shetty sublinhou os riscos que um “abrandamento mais brusco” podiam acarretar para a região. O BM previu um esfriamento no sector imobiliário, após as restrições impostas pelo Governo de Pequim, visando evitar o aumento da “bolha” no mercado.
As exportações devem aumentar de forma moderada, apontou o relatório. O estudo indicou ainda que a aposta do Governo de Pequim em transformar o modelo económico, tornando-o menos dependente das exportações e do investimento público, e mais centrado no consumo interno, vai produzir resultados.
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