A escola de samba da Portela foi declarada na quarta-feira a grande vencedora do Carnaval do Rio de Janeiro, no Brasil, com 269,9 pontos, depois de um jejum de 33 anos sem vitórias.
Fundada em 1923, a Portela é a maior campeã do Carnaval carioca, somando agora 22 títulos, mas não vencia o concurso dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro desde 1984.
Famosa por reunir membros históricos como o cantor brasileiro Paulinho da Viola, a escola de samba desfilou o enredo Foi um Rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar, celebrando os rios mais importantes do Mundo, a religiosidade inspirada nas águas e o papel dos rios para o desenvolvimento das civilizações.
Durante o desfile, a Portela também fez referência ao desabamento de uma barragem da empresa mineira Samarco, que destruiu um bairro inteiro da cidade de Mariana em 2015, no estado brasileiro de Minas Gerais, tendo feito 19 mortes.
Emocionado, o presidente da escola de samba, Luís Carlos Magalhães, disse, logo após a divulgação do resultado, que “a vitória não é só da Portela, é de todas as escolas que precisam de levantar a bandeira do samba”.
“Todos têm que ficar muito felizes com o que aconteceu hoje. Acabou a história de jejum. A Portela agora vai ter paz para ser a grande escola para a história, ao lado das suas irmãs [outras escolas de samba]”, completou o presidente da escola Portela.
A classificação final ditou no segundo lugar a escola de samba Mocidade, com 269,8 pontos, seguida do Salgueiro (269,7), Mangueira (269,6) e Grande Rio (269,4).
Este ano, o Carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro foi marcado por dois grandes acidentes, um com a escola de samba Paraíso do Tuiuti e outro com a Unidos da Tijuca, que provocaram mais de 30 feridos. Devido a estes acidentes, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro decidiu que nenhuma escola será rebaixada e o Carnaval de 2018 terá 13 desfiles.
Desfile
A Portela foi a penúltima escola a pisar a Marquês de Sapucaí e fez um desfile sobre as lendas dos rios. Iara, Boiúna, cobra-grande, boto cor-de-rosa e deuses deram as caras na avenida.
A escola de Madureira começou por falar das nascentes e de como os rios foram dando início a povoados, aldeias e civilizações. O clássico de Paulinho da Viola, Foi um rio que passou em minha vida, também fez parte do enredo. Carros e fantasias a atirararam água na avenida Marques de Sapucaí.
A comissão de frente representou uma piracema, com componentes vestidos de peixe e a nadar em direcção à nascente. Uma das alas era de “crocodilos” que rastejaram na avenida. O quarto carro trocou o azul das águas pelo vermelho, para lembrar como ficou o Rio Doce após o desastre ambiental de Mariana, em Minas Gerais.
A águia, símbolo da escola, foi transportada no tradicional abre-alas. Imponente, ela parecia tomar conta de uma fonte e borrifava água.
Desfilaram pela Portela 3,4 mil componentes em 31 alas. O carro abre-alas mostrou a “Fonte da vida”, com uma mensagem de preservação das matas em torno das nascentes. O segundo carro fez uma homenagem ao Rio Nilo, o mais extenso do Mundo, localizado em África. Outro famoso rio, o norte-americano Mississipi, foi lembrado numa ala que inseriu um pouco de blues no desfile. Mas foi com samba que a escola arrancou gritos de “É campeã!” no sector 1 do Sambódromo.
Perfil da escola
O Grémio Recreativo Escola de Samba Portela, ou simplesmente Portela, é uma escola de samba da cidade do Rio de Janeiro. É carinhosamente chamada de “A Majestade do Samba” e forma, juntamente com a Deixa Falar e a Mangueira, a trilogia das escolas fundadoras do Carnaval carioca. Foi fundada oficialmente como um bloco carnavalesco, chamado Conjunto Osvaldo Cruz, em 11 de Abril de 1923, no bairro de Osvaldo Cruz. Embora haja estudiosos que acreditam que a escola tenha sido fundada em 1926, o ano oficial de fundação é 1923, o mesmo ano de criação do bloco Baianinhas de Osvaldo Cruz, que já continha o embrião da primeira direcção portelense, com Paulo da Portela, Alcides Dias Lopes (mais conhecido como “Malandro Histórico”), Heitor dos Prazeres, António Caetano, António Rufino, Manuel Bam Bam Bam, Natalino José do Nascimento (o “seu Natal”), Candinho e Cláudio Manuel. Mudou de nome por duas vezes - “Quem Nos Faz É O Capricho” e “Vai Como Pode” -, até assumir definitivamente a denominação Portela, em meados da década de 30.
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