sábado, 25 de março de 2017

Igreja agradece aos deputados que votaram pela proibição total do aborto



Os bispos católicos classificaram como “um exemplo para todos” a decisão do parlamento de retirar da proposta inicial do novo Código Penal as excepções ao aborto, proibindo-o em absoluto. A decisão motivou grande contestação de alguns sectores da sociedade.

A posição foi expressa ontem pelo presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Filomeno Vieira Dias, arcebispo de Luanda, durante a cerimónia de abertura da primeira reunião plenária anual da conferência, que está a decorrer na província de Benguela, tendo sublinhado que a Igreja Católica é contra o aborto e que defende a “dignidade e a inviolabilidade da vida de cada ser humano” por considerar que há âmbitos da existência que “não são debatíveis”.

“É nosso dever como pessoas cristãs afirmá-lo sem ambiguidades. Neste momento agradecemos especialmente àqueles legisladores cristãos e não cristãos que com o seu voto se comprometerem publicamente com a vida do que está para nascer, o seu voto é um exemplo para todos”, fundamentou.

Decorrem várias discussões em volta da penalização ou não do aborto, através da revisão do Código Penal, que numa primeira versão previa excepções para alguns casos especiais, como de saúde ou situações de violação, mas que acabaram por retiradas na versão final, provocando a forte crítica de alguns sectores da sociedade.

O MPLA solicitou mesmo a retirada deste ponto da agenda da última reunião do parlamento, para o seu aprofundamento junto das várias sensibilidades do país, quando uma marcha contra a penalização do aborto – conforme previsto na última versão da proposta de Código Penal – foi promovida a 18 de Março por um grupo de mulheres.

Na mesma intervenção, o presidente da CEAST assumiu a preocupação dos bispos angolanos com a crescente onda de desemprego no país, exortando as autoridades a procurarem soluções “verdadeiramente estruturais” para o problema.

“Preocupamo-nos a elevada taxa de desemprego entre os jovens dos 16 aos 25 anos e também os adultos desempregados com graves prejuízos para a própria família e a própria dignidade, o peso da vida quotidiana, a busca de bens essenciais aumentam um pouco por todo o país”, disse.

De acordo com o arcebispo de Luanda, é crescente o número de pessoas que procuram por ajuda nas diferentes paróquias da Igreja Católica angolana, agravada pela crise que o país atravessa.

“As nossas paróquias veem aumentar o número daqueles que procuram as mais diferentes formas de ajuda, importa que os diferentes responsáveis e atores da coisa pública, os diferentes atores sociais, se empenhem na busca de soluções verdadeiramente estruturais, capazes de inverterem essa tendência”, apontou.

Quanto às eleições gerais em Angola, previstas para agosto, o presidente da CEAST garantiu que “uma mensagem será publicada a propósito”, contudo apelou aos cidadãos a participarem com entusiasmo no processo e que não se deixem levar perante a “mentalidade fatalista da desconfiança e da suspeita”.

“Cada voto é importante para que pessoas capazes, honestas e trabalhadoras com bons programas que promovam a integridade da vida e a dignidade das pessoas cuidem daquilo que diz respeito a todos, interessa a todos que é o bem de todos”, observou.
Os trabalhos da primeira reunião plenária anual dos bispos católicos angolanos decorrem até o dia 30 de março.

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