Morosidade no atendimento, falta de sistema, erros no levantamento ou depósito de notas físicas nos balcões, faltade acesso a divisas, atrasos nas transferências...os motivos de insatisfação dos clientes da banca angolana estão asubir, revelam os dados da Associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC).
De acordo com o director da AADIC, a organização recebeu mais de 930 reclamações em 2016, volume que não pára de aumentar. "É visível o crescimento de reclamações, queixas e denúncias deste sector", confirma Diógenes de Oliveira, em declarações ao Novo Jornal online.
O responsável adianta que desde o início do ano a associação registou "245 consumidores insatisfeitos com osserviços da Banca, sendo que a Associação Angolana dos Direitos do Consumidor solucionou 88 casos".
Os números estão contudo longe de ser exaustivos, tendo em conta que se referem apenas aos clientes que procuraram o apoio da AADIC.
Não foi o caso de Amós Banza Angelino, exgerente de um dos postos de abastecimento de combustível da empresa Pumangol, e protagonista, no dia 4 de Outubro de 2016, de um episódio caricato no exercício das suasfunções.
Angelino recorda que foi à agência do banco Millennium Atlântico, junto ao centro da Mulemba, em Cacuaco,efectuar um depósito de um milhão, trezentos e sessenta e oito mil e duzentos e cinquenta kwanzas (1.368.250 Kz),que acabou subtraído em 200 mil Kz porque o gerente da agência depositou apenas um milhão, cento e sessenta eoito mil e duzentos e cinquenta kwanzas (1.168.250 Kz).
Em declarações ao Novo Jornal, o entrevistado explicou que no momento não verificou o documento bancário.
"Não reparei no talão de depósito quando saí do banco. Só no dia seguinte é que dei conta do erro, quando estava afazer o fecho de tesouraria e fiquei surpreso com a ausência dos 200 mil kwanzas. Liguei para o gerente, ele disse-me que tinha de elaborar uma carta para resgatar os valores não depositados", contou Amós Banza Angelino, que,em função disso, sofreu vários descontos salarias e foi afastado do cargo que exercia.
"Reduziramme o salário, fui afastado do cargo e alertado para resolver a situação, caso contrário haveria deresponder junto das autoridades", declarou exgerente, que continua a pagar pelo que diz ter sido um erro bancário.
As reclamações mais frequentes, de acordo com os registos da AADIC, envolvem transferências e levantamento dedivisas.
Para o jovem economista Waldemar Ribeiro, o problema surgiu com uma transferência bancária de uma conta do Banco Económico para outra do Millennium Atlântico: apesar de ter recebido a informação de que a operação tinha sido efectuada com sucesso, a conta destinatária permaneceu sem valores.
"A comunicação dos bancos é deficitária", lamentou Waldemar Ribeiro.
Com uma reclamação similar, Celma João queixase do facto de os funcionários bancários cometerem muitos erros e não resolverem os problemas dos clientes como deve ser.
"Tive problemas sérios devido a uma transferência malsucedida", contou.