Moradores da Centralidade do Kilamba subscreveram um documento, a que o Jornal de Angola teve exclusivamente acesso, no qual dizem estar a viver o que consideram “momentos dolorosos e difíceis”, criados por marginais.
Intitulado “Um grito de socorro dos moradores da Cidade do Kilamba sobre os assaltos a viaturas”, o documento considera como “filmes de ficção científica” os roubos de viaturas que ocorrem na Centralidade do Kilamba.
“Já houve casos de moradores que, quando se preparavam para ir ao trabalho, não encontraram nos parques de estacionamento as suas viaturas”, contam os subscritores do documento, que revela terem sido furtadas, “só na primeira semana de Janeiro, 14 viaturas”.
Os criminosos, de acordo com o documento, utilizam novas técnicas de roubo de viaturas, enquanto “a nossa Polícia experimenta imensas dificuldades em os localizar assim como os meios roubados”.
Esta declaração já teve resposta do porta-voz do Comando Provincial de Luanda, inspector-chefe Mateus Rodrigues, contactado por este jornal para comentar o teor do documento. Uma fonte do Serviço de Investigação Criminal (SIC) é citada no documento como tendo dito que os ladrões são integrantes de um grupo já identificado pela Polícia Nacional.
“Mais cedo ou mais tarde vão ser apanhados’’, sustenta a fonte ligada ao SIC, citada no documento pelos subscritores, que dizem ser esta a resposta da Polícia Nacional “sempre que pretendemos saber do destino dos nossos bens roubados”.
O subscritores admitem que os marginais estejam a adoptar “novas tecnologias” de roubo, um pensamento sustentado com o facto de que todos os moradores que já apresentaram queixa à Polícia Nacional alegaram ter as chaves das viaturas, sobre cujo assunto o porta-voz do comando provincial de Luanda admitiu (ler entrevista abaixo) que, para o furto de viaturas, possa haver conivência de pessoas com ligações próximas a algumas vítimas, de quem surripiaram esses objectos para depois serem copiados.
“Estamos a viver na Cidade do Kilamba os piores momentos das nossas vidas”, declararam os subscritores, que trouxeram à memória declarações proferidas pelo governador provincial de Luanda, Higino Carneiro, por altura da tomada de posse do cargo, em que definiu como uma das prioridades a segurança dos habitantes. “Na verdade, estamos a assistir a um clima de muita insegurança na Cidade do Kilamba, onde uns são assaltados à porta de casa e outros baleados em parques de estacionamento”, lamentam os subscritores do documento, no qual pedem à Polícia Nacional o reforço da vigilância e segurança.
Ao ministro do Interior, Ângelo Veiga Tavares, e ao director do Serviço de Investigação Criminal, pedem que dêem atenção a este problema, por se tratar de um crime violento. “Entendemos que é chegado o momento de a nossa Polícia Nacional e o Serviço de Investigação Criminal desencorajarem de uma vez por todas aqueles que tentam subverter a ordem e a tranquilidade dos cidadãos”, lê-se também no documento, que termina com um apelo: “juntos contra o roubo de viaturas.”