quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Angola: Preço o dólar está muito alto nas ruas


O preço para comprar um dólar nas ruas de Luanda voltou a subir na última semana, para mais de 440 kwanzas (2,48 euros), o que acontece depois de a nota norte-americana ter tocado mínimos de vários meses. 

Este aumento nos valores médios, de cerca de 3,5% no espaço de uma semana, acontece depois de quebras semanais que fizeram o preço da nota de dólar descer dos 500 kwanzas (2,82 euros) dos primeiros dias do ano para 425 kwanzas (2,39 euros) há sete dias. 

Nesta altura persistirem limitações no acesso a divisas nos bancos, mesmo nas contas em moeda estrangeira, conforme a Lusa constatou em Luanda. 

Na ronda feita pela Lusa, as 'kinguilas' de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, atividade ilegal, davam conta da subida da cotação de dólar no mercado paralelo, sobretudo face ao aumento da procura, tendo em conta a quebra das semanas anteriores. 

Apesar dos preços especulativos, ainda três vezes acima da taxa de câmbio oficial, face às dificuldades na banca o negócio de rua ainda é uma alternativa para nacionais e estrangeiros que necessitam de divisas. 

A venda de cada dólar está hoje fixa nos 440 kwanzas no bairro do São Paulo (420 kwanzas na semana anterior) e nos 435 kwanzas no bairro dos Mártires de Kifangondo (420 kwanzas na anterior). Na Mutamba, a nota de dólar norte-americano é transacionada a 435 kwanzas (440 kwanzas na anterior), enquanto as 'kinguilas' do Maculusso a vendem a 450 kwanzas (430 na anterior). 

Face à falta de dólares, estas taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho. 

A inflação também se ressente desta conjuntura e os preços entre janeiro e dezembro de 2016 subiram 42%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística angolano. 

O Banco Nacional de Angola (BNA) garantiu em dezembro que não prevê qualquer nova desvalorização do kwanza, face à "tendência de estabilidade" dos preços, e já no final de janeiro vendeu aos bancos o valor máximo de divisas desde praticamente o início da crise, em 2014: mais de 600 milhões de euros no espaço de uma semana. 

"Tendo em conta a tendência de estabilidade do nível geral dos preços e consequentemente a desaceleração da taxa de inflação mensal, o BNA reafirma o seu engajamento na preservação do valor da moeda nacional, razão pela qual não haverá desvalorização do kwanza", lê-se num documento do banco central angolano, de dezembro. 

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016. 

A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (95 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas. 

"O BNA continuará a disponibilizar as divisas de forma regular ao câmbio de 165,8 kwanzas por um dólar dos Estados Unidos da América, não havendo necessidade dos operadores do mercado alterarem os preços dos bens e serviços", garantiu então o banco central, na última informação sobre matéria cambial.

Tag: Angola dólar, dolar.

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