sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Trump toma posse hoje



O Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, torna-se hoje no 45.º líder da nação mais poderosa do mundo, em substituição de Barack Obama e em meio a incerteza e ansiedade, no plano interno, da indústria bélica e dos apoiantes do Obamacare, no plano externo, da OTAN, China e dos países ocidentais, e com o objectivo declarado de “fazer a América grande de novo”.

A Administração Trump parece ser pouco menos do que um pesadelo para tradicionais aliados dos EUA, com destaque para a OTAN e a União Europeia, que nunca esconderam a preferência pela candidata democrata Hillary Clinton, e ao mesmo tempo quase um sonho para a Rússia, que vê no magnata republicano a oportunidade para melhorar as relações com o tradicional rival a níveis sem precedentes.


No plano interno, o fim da reforma do sistema de saúde de Barack Obama (Obamacare) e a substituição por um novo programa, mantendo entretanto as suas conquistas e alargando o seguro de saúde “para todos os norte-americanos” e uma reforma fiscal parecem ser as prioridades da nova Administração dos Estados Unidos.

O desmantelamento do Obamacare, que segundo dados oficiais alargaram os cuidados de saúde a quase 30 milhões de norte-americanos é um dos poucos temas que aproxima o Partido Republicano de Donald Trump.

Quanto à reforma fiscal, o partido pretende aprovar uma proposta que inclui um modelo centrado no consumo e uma redução da taxa sobre empresas de 35 por cento para 20 por cento, o valor mais baixo da história do país.
Pressionar por cortes nos custos de equipamentos militares é outra das grandes batalhas internas do Presidente Donald Trump, ao lado da promoção, aumento do emprego e o combate à deslocalização de empresas norte-americanas em outros países.
Ao ampliar o ataque contra empresas do sector de defesa com contratos com o Governo, depois de os seus assessores admitirem que pretende continuar a pressionar por cortes nos custos de equipamentos militares, Donald Trump abre uma guerra contra a poderosa indústria armamentista dos EUA, que não está habituada a perder batalhas.
É no plano externo, contudo, que as políticas defendidas por Donald Trump trazem dores de cabeça ao Partido Republicano, aos rivais democratas e a generalidade dos tradicionais parceiros dos EUA.
A conhecida admiração de Donald Trump por Vladimir Putin, o Presidente da Rússia, e a pretensão, anunciada pelo Presidente eleito dos EUA, de melhorar a relação com o Kremlin, reforçada com escolha de um Secretário de Estado com laços com Moscovo alimentam preocupações não só em Washington, como na OTAN e na União Europeia, tradicionais parceiros do Tio Sam.
 Se a aproximação com o Kremlin faz tremer os políticos conservadores norte-americanos e os tradicionais aliados dos Estados Unidos, à excepção de Israel, o mesmo não acontece com a maior parte dos países do mundo, que vêm nela uma oportunidade para melhorar a atmosfera mundial e reduzir tensões passíveis de provocar uma guerra entre duas das maiores potências mundiais, que teria reflexos em todo o mundo.
Entretanto, as tensões com Pequim após o Presidente eleito estabelecer contacto com Taiwan, em desrespeito à política de uma só China inquieta a comunidade internacional, por o agravar das relações entre a nação mais poderosa do mundo e o gigante asiático não afectar apenas os dois países, mas também a paz, a estabilidade e a prosperidade da Ásia-Pacífico e do resto do mundo. Taiwan foi motivo de tensões entre Pequim e o Presidente eleito dos EUA depois que o magnata ganhou as eleições em Novembro e aceitou um telefonema da presidente taiuanesa, Tsai Ing-wen, o primeiro contacto de alto nível entre EUA e a ilha em 40 anos. Longe de se retratar, Donald Trump deu a entender que podia utilizar Taiwan como arma de negociação comercial com a China.

Pequim e Washington

A China e EUA “devem ser amigos”, defende o Governo chinês. “Devemos ser amigos e sócios, e não concorrentes e inimigos. Devíamos manter o nosso compromisso para aumentar a cooperação e os benefícios”, disse ontem a porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores. Hua Chunying qualificou de “muito positiva” a relação que Barack Obama e o Presidente Xi Jinping conseguiram construir nos últimos anos, e que, graças a isso, “foi possível conseguir melhorias significativas tanto para a relação entre os dois países como para o restante do mundo”.
Quando China e EUA trabalham juntos, é possível conseguir muito, afirmou Hua Chunying na véspera de Donald Trump, republicano que criticou duramente o país asiático, tornar-se no 45º Presidente dos Estados Unidos.
Sobre o Presidente eleito dos EUA, que criticou duramente o país asiático, a porta-voz chinesa afirmou que a China está preparada para trabalhar com Washington “sob o princípio do não confronto e do respeito mútuo”. Em relação a Taiwan, voltou a advertir que Pequim opõe-se “a qualquer intercâmbio oficial” entre a ilha e Washington, no âmbito da política, “inegociável”, de “Uma só China”.

Trump e Europa     

O Presidente eleito da Bulgária, que é empossado no domingo, Rumen Radev, afirmou ontem que Donald Trump “traz esperança” ao desanuviamento das relações entre a Rússia e o Ocidente.
“A crise entre a OTAN e a União Europeia, por um lado, e a Rússia, por outro, é clara. Mais confrontação não ajuda à sua resolução. A Guerra Fria é uma experiência triste do passado”, defende Rumen Radev, para quem “o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos da América e o novo clima político no mundo traz esperança de que o diálogo se imponha em breve”.
O Presidente eleito da Bulgária diz que a Administração de Donald Trump “traz esperança, mas analistas e líderes políticos no velho continente defendem que esta pode obrigar os europeus a alavancar a sua defesa comum, diante de possíveis mudanças e do risco de ficarem marginalizados na cena internacional.

“Bruxelas devia tomar a Presidência de Donald Trump como uma importante chamada de atenção para melhorar a sua Política Externa e de Segurança”, dizem os analistas Stefan Lehne e Heather Grabbe, numa nota divulgada pelo Carnegie Institute.

As recentes declarações de Donald Trump, segundo as quais a OTAN “é obsoleta” e “outros países deixar” o bloco, seguindo o exemplo do Brexit, levaram a Chanceler alemã, Angela Merkel, a afirmar que “nós, europeus, temos o nosso destino nas nossas próprias mãos” e que Bruxelas “deve assumir mais responsabilidades no mundo no futuro”.

Tag: Posse de Trump, Donald Trump Posse.

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