Presidente norte-americano assinou uma ordem executiva que determina a saída dos EUA do acordo Trans-Pacífico, um dos legados de Obama nas relações comerciais com os países asiáticos.
No primeiro dia útil como Presidente dos EUA, Donald Trump começou a desmanchar a marca que Barack Obama tinha deixado em Washington (em rigor, esse trabalho começou no primeiro passe para o corte com o ObamaCare, dado logo em dia de posse). Esta segunda-feira, Trump assinou uma ordem executiva que anula o acordo comercial entre os EUA e mais de uma dezena de países asiáticos. “Temos vindo a falar disto há muito tempo”, disse o líder norte-americano ao assinar o documento.
Rasgar o acordo Transpacífico com os parceiros asiáticos será o primeiro passo de Trump para concretizar a ideia em que assentou a sua campanha: “Tornar a América grandiosa de novo”. O documento foi negociado pela administração Obama e era considerada a pedra angular do ex-presidente para as relações com a Ásia, apesar de nunca ter conseguido a aprovação do Congresso norte-americano e não ter, por isso, um efeito imediato nas relações económicas entre os EUA e os países daquela região.
Mas é um sinal de que a retórica de Trump durante a campanha eleitoral vai ser cumprida, agora que o milionário do imobiliário se senta na Sala Oval. “Acredito que o Presidente Trump compreende a importância do comércio livre e justo, por isso gostaria de compreender que entendesse a importância estratégia e económica do acordo comercial trans-pacífico”, disse o primeiro-ministro japonês na câmara baixa nipónica, citado pela CNN. “Quando nos encontrámos pela última vez, fiquei com a sensação de que é de confiança, e esta crença não mudou” hoje”, referiu Shinzo Abe.
Como o Observador explicou em dezembro, o facto de o acordo Transpacífico ficar a meio caminho e não chegar a ser aplicado vai deixar os EUA perante um vazio, quer em termos económicos quer quanto à sua segurança. Na prática, a retirada dos Estados Unidos terá como consequência uma menor capacidade de influência diplomática, deixando a porta entreaberta a que Pequim ocupe esse espaço.