A companhia de teatro Etu-Lene apresenta domingo às 18h50, no anfiteatro da Paróquia de São Paulo, no distrito urbano do Sambizanga, em Luanda, a peça “Uiji, Uijia”, que desencoraja o recurso ao feitiço para ascender na vida, exortando as pessoas a trabalharem com dignidade.
O jovem não queria trabalhar e para conseguir bens pede os préstimos de um kimbandeiro. Para que surta os efeitos desejados, o kimbandeiro, Papá Pambala, (interpretado por Adão José), obriga-o a manter relações sexuais com a mãe enquanto esta dorme. A peça foi escrita e montada por Beto Cassua, com dez personagens em duração de uma hora, e mostra Ualata (personagem de António de Oliveira), o jovem que usa o feitiço, a prosperar.
As moças lançam-lhe os seus charmes no intuito de o terem nos braços. Os mais velhos acabam por desconfiar da proveniência de tanta riqueza espontânea. Bela (Graciete de Jesus), a mãe de Ualata, vive radiante por o filho lhe proporcionar uma vida regalada: direito a motorista, consultas em clínicas modernas, iate para passeios no alto mar e muito mais.
É então que Bela descobre estar grávida, sem aparentemente se ter envolvido com quem quer que fosse. Apesar de se tratar de um tema delicado, a forma como os actores interpretam o texto suscita sempre algumas gargalhadas na plateia.
A criação da peça foi inspirada numa crónica publicada pelo Jornal de Angola. “Uiji, Uijia” ocupou o segundo lugar do Festeatro, em 1995, fase provincial de Luanda e Nacional, realizado em Benguela, arrebatou o prémio revelação de teatro “Angola - 20 anos”, e representou Angola no 20º Festival Internacional de Teatro de Almada, em Portugal, em 2003.
Criado em 1993, o grupo conta com 13 integrantes e tem várias obras, com destaque para “O feiticeiro e o inteligente”, “Ukumbo”,”Marcas do passado”, “Balumuka” e “Titanic”.
O Etu Lene, fundado em 26 de Abril de 1993, já representou duas dezenas de obras, entre as quais “O Feiticeiro e o Inteligente”, “Uiji, Uijia” e “O Kubele”, exibidas em Luanda e em algumas províncias.
Etu-Lene, que na língua umbundo significa “Nós (actores) e Você (público)”, notabilizou-se na década de 1990 com a peça “O Feiticeiro e o Inteligente”, no programa “Em Cena” da Televisão Pública de Angola. O colectivo venceu o Prémio Cidade de Luanda, realizado em 2001, com a peça “Balumuka”, “Atiraram o velho Katy Ngote para a penúltima morada”.
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