Desde o início do mês, uma suposta "denúncia" e uma série de notícias publicadas em tabloides africanos, principalmente da Zambia e da África do Sul, e mais recentemente replicada em sites de notícias britânicos, vêm ganhando destaque na imprensa internacional. Essa "denúncia" seria referente a utilização de "carne humana" por parte de grandes fábricas de processamento de carnes e produção de enlatados na China. Uma suposta funcionária de uma dessas empresas teria dado esse alerta, que rapidamente começou a ser divulgado em sites de notícias bem controversos. A notícia passou a ser viralizada e compartilhada dezenas de milhares de vezes em redes sociais, tais como o Facebook e Twitter, até finalmente chegar até as páginas de tabloides africanos e britânicos, o que ajudou ainda mais a propagar essa "denúncia".
Essa mesma notícia dizia para as pessoas pararem de consumir carne enlatada, uma vez que até mesmo alimentos tais como atum e sardinha enlatados passariam por esse mesmo problema, pois as "carnes" provenientes de seres humanos estariam sendo misturadas a esses alimentos. A principal razão para essa utilização um tanto quanto macabra e criminosa? Devido a superpopulação da China, que atualmente supera a marca de 1,4 bilhão de habitantes, e que pode chegar a 10 bilhões em 2050, o país estaria sem nenhum lugar para enterrar os seus mortos. A alternativa seria "processar" a carne dessas pessoas e ao mesmo tempo tornar isso uma fonte extra de renda para as empresas do setor.
A notícia parece um tanto quanto surreal, não é mesmo? Soa ilógico que algum país iria se dispor a correr esse tipo de risco, visto que possuímos um mundo extremamente globalizado, onde a maioria das pessoas possui um celular com capacidade de tirar fotos a qualquer momento. Todos os países do mundo, querendo ou não, são afetados economicamente e diariamente em razão das notícias que vêm do mercado financeiro, das políticas econômicas ou dos escândalos envolvendo grandes corporações da China. Entretanto, essa história ganhou uma dimensão bem maior do que o esperado, e fez com que o embaixador da China na Zâmbia, Yang Youming, repudiasse e desmentisse tais acusações. O Ministro Adjunto de Defesa da Zâmbia, Christopher Mulenga, também prometeu que país iria investigar a origem do que ele denominou como "boato". Vamos saber mais sobre esse assunto?
Tudo isso começou quando sites e fóruns de discussão com reputações bem questionáveis, e que frequentemente espalham notícias sem qualquer tipo de verificação prévia (sendo que muitas vezes são meras farsas), passaram a divulgar que uma empresa chinesa estaria usando a "carne de pessoas mortas" na produção dos mais variados tipos de carnes enlatadas, e as exportando para países africanos. Sites como o Information Hood, Nairaland, e TuneZNG foram os principais responsáveis pelo início de toda essa polêmica. Aliás, acho importante comentar um pouco sobre esses três sites que acabamos de mencionar.
O "TuneZNG" não é bem um site de notícias ou tão pouco comprometido com a veracidade do que publica. É um site nigeriano onde existem publicações sobre os mais diversos temas, download de músicas e vídeos de forma ilegal, e notícias sobre celebridades. Já o "Nairaland" é uma espécie de comunidade online, um fórum de discussões nigeriano, que alega ter mais de 1.400.000 de contas registradas, e segundo o site Alexa.com, seria o oitavo site mais acessado na Nigéria.
O destaque fica por conta do "Information Hood" por sua vez não estaria passando por uma situação muito boa, visto que os administradores do site recentemente disseram, mais precisamente no dia 15 de maio, que hackers chineses estariam tentando invadir o servidor onde o mesmo está hospedado, desde aquela data, com o objetivo de retirar a postagem sobre esse assunto do ar, valendo-se também de ataques DDoS (também conhecidos como ataques de negação de serviço, que é uma tentativa de fazer com que aconteça uma sobrecarga em um servidor ou computador comum para que recursos do sistema fiquem indisponíveis para seus utilizadores).
Eles também passaram a redirecionar o tráfego para um outro site, e alegaram na nova postagem, que desde que publicaram a notícia passaram a ser vítimas de ataques oriundos de IPs (números que identificam cada computador na internet) de origem chinesa. Para eles isso só prova que a notícia é real e não apenas um mero rumor, algo que serviria de alerta para que ninguém consumisse carne enlatada proveniente da China. Curiosamente, no entanto, nenhum outro site que mencionamos acima reportou tal situação.
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