Os professores de Luanda ameaçam paralisar as aulas no arranque do ano lectivo, em Fevereiro, caso não vejam solucionadas as preocupações ligadas ao aumento salarial, promoção de categoria e redução da carga horária, há anos sem resposta das autoridades.
Enquanto isso, candidatos ao ensino médio reclamam por cobranças de vagas e especialistas afirmam que a falta cultura de denúncias dos mercantilistas do ensino levou a que o anormal a tornar-se normal.
O Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) já tinha denunciado que as vagas nas escolas são na sua maioria distribuídas de forma anárquica com funcionários e professores a beneficiarem-se de uma vaga para familiares.
No entanto, caso não a preencham, vendem-na no valor de 60 mil kwanzas, cerca de 360 dólares no câmbio oficial.
Os directores de escolas, por seu lado, comercializam mais de duas turmas, beneficiando-se de até 7 milhões e 200 mil kwanzas, cerca de 44 mil dólares.
Ainda de acordo com a mesma fonte, os directores-adjuntos ficam cada um com a metade desse valor, ou seja, uma sala.
Para Miguel Quimbenze, secretário-executivo do MEA, o anormal é Angola tornou-se normal.
“Eles próprios é que vendem as tais vagas, isso não é novidade, quem é jornalista sabe disse e há directores que participam deste processo”, denunciou.
Já o sociólogo Joaquim Paiva afirma que este comportamento é reprovável e que a falta de uma cultura de punição leva a que as pessoas aceitem essas situações
“Não se administre e é reprovável, entendo que os prevaricadores devem ser levados à justiça”, defendeu.
Recorde-se que o Sindicato dos Professores em Kwanza Sul acusa o ministro da Educação de fugir ao contacto, enquanto em Cabinda os professores seleccionados dizem ter sido preteridos.
Em Benguela, candidatos a professores foram detidos por protestarem contra indícios de fraude.
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