Esse compromisso foi reiterado ontem pelo Presidente José Eduardo dos Santos no encontro que manteve com o seu homólogo centro-africano, Faustin-Archange Touadéra, no Palácio Presidencial da Cidade Alta.
Durante cerca de uma hora de reunião, seguida de almoço, José Eduardo dos Santos e Faustin-Archange Touadéra trocaram impressões sobre a actual conjuntura regional e internacional, com a RCA e os desafios do processo político, a dominarem a agenda.
O ministro das Relações Exteriores resumiu para a imprensa o que foi o encontro entre os dois chefes de Estado. Georges Chikoti sublinhou a convergência de pontos de vista sobre o papel fundamental que Angola desempenhou no período de transição que resultou na eleição do Presidente e dos Deputados, e na importância que continua a ter para que aquele país atinja a estabilidade.
“Foi uma oportunidade para os dois chefes de Estado trocarem impressões sobre vários aspectos”, disse Georges Chikoti, acrescentando que o Presidente Faustin-Archange Touadéra deu “uma informação pormenorizada” sobre a situação na RCA. Segundo o ministro das Relações Exteriores, o Presidente José Eduardo dos Santos reiterou o seu engajamento em continuar a ajudar a RCA, quer no quadro da cooperação bilateral, quer no quadro da região dos Grandes Lagos. “O Presidente da República é o líder da Conferência Internacional dos Grandes Lagos e neste âmbito tem estado a dar um grande contributo para que o processo político seja inclusivo e decorra de forma pacífica”, declarou Chikoti. O ministro lembrou ainda que, além da CIRGL, cujos líderes reafirmaram o seu engajamento na mais recente cimeira dessa organização regional, a situação na RCA está a ser acompanhada de forma atenta pela União Africana e pelas Nações Unidas.
Georges Chikoti disse que a situação na RCA requer atenção redobrada, já que existem grupos armados que controlam alguns espaços. “É necessário que este processo seja inclusivo e engaje a todos. E a este título a contribuição do Presidente José Eduardo dos Santos tem sido bastante apreciada, razão pela qual o Presidente Archange-Touadéra decidiu fazer essa visita a Angola”.
Eleito Presidente da República Centro Africana em Fevereiro do ano passado, Faustin-Archange Touadéra esteve em Angola em Novembro passado, naquela que foi a primeira visita oficial como Chefe de Estado eleito nas urnas. A eleição de Touadéra foi elogiada pelo Presidente angolano, que em comunicado, realçou a demonstração de confiança do povo no processo de consolidação da paz naquele país.
Para José Eduardo dos Santos a eleição “traduz de forma inequívoca” a “confiança que o povo depositou” em Touadéra “para levar a cabo o processo de consolidação da paz, da estabilidade e da democracia” na RCA. Em Novembro, Touadéra retribuiu os elogios e foi mais longe. Lembrou do percurso histórico de Angola, os longos anos de guerra e de sofrimento, até tornar-se hoje num “gigante admirado, cobiçado e respeitado por todos”.
Num discurso que abriu as conversações entre delegações governamentais dos dois países, na sala de reuniões do Palácio Presidencial da Cidade Alta, Archange Touadéra disse que todas as ocasiões serão poucas para expressar a gratidão do seu povo para com os angolanos e, em especial o seu líder, José Eduardo dos Santos, de quem espera, como referiu, aprender muito.
“Estou cá como um aluno na escola para inspirar-me na vossa grande experiência”, afirmou o Presidente Archange Touadéra, dirigindo-se ao Chefe de Estado angolano, a quem reconheceu um papel decisivo para que o seu país se reerguesse após o período “conturbado e difícil” que viveu durante vários anos.
Para o Presidente da República Centro Africana, Angola serve de modelo para o seu país, pela forma como soube mostrar ao mundo a “vontade do seu povo em virar a página de um passado sombrio” e para ser o que é hoje: “um gigante admirado, cobiçado e ao mesmo tempo respeitado por toda a gente”.