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A UNITA nasceu de uma matriz tribalista e até hoje tem dificuldades em ser um partido verdadeiramente inclusivo.
A afirmação é de João “Maninho” Cololo, que foi até ontem membro suplente do Comité Nacional e Representante da UNITA na Holanda. Cololo fez duras críticas à liderança de Isaías Samakuva, a quem acusou de ser uma espécie de guardião da doutrina de Savimbi em relação a quem deve (e quem não deve) pertencer à direcção do partido.
Em conferência de imprensa, João Cololo disse que, em termos de ascensão, na UNITA existe uma barreira invisível para quem não é originário da região sul do país. E citou o caso de Raul Danda, natural de Cabinda, como exemplo de quem está condenado a ser um “eterno segundo homem” na direcção da UNITA, tal como foi António Dembo, quando Jonas Savimbi era vivo.
O ex-dirigente da UNITA disse que o cargo de vice-presidente tem como função evitar que sejam acusados de tribalismo. No elenco da direcção não existe homens do norte. “Já me desloquei a quase todas as províncias e constatei que os secretários da UNITA do lado norte não governam sozinhos, têm sempre alguém do Sul, da confiança do executivo nacional, que governa na sombra”.
Segundo Maninho Cololo, nas províncias os dirigentes oriundos do Norte servem apenas para mobilizar e buscar votos. “Isso só demonstra que um dia que a UNITA assuma o poder, quem não for do Sul será substituído pelo adjunto que é do Sul”, disse, evocando o seu próprio caso em relação à Comissão Permanente, órgão de direcção do partido, onde foi membro suplente.
Mas o caso de Cololo não é isolado. O ex-dirigente da UNITA fala em duas classes de dirigentes: a que faz parte da estratégia e a que apenas participa na sua execução. “Sim, temos entre os representantes da UNITA os da classe um e dois, como foi no último congresso, em que uns tiveram um apoio especial e outros, como eu, fomos os representantes no exterior do país e mais nada.” João Cololo considera-se injustiçado, pois como director da campanha de Samakuva no exterior esperava melhor tratamento. O ex-dirigente da UNITA sentiu-se traído quando chegou a Luanda por ocasião do congresso, pois viu a documentação relativa ao trabalho no exterior ser transferida para outras mãos. “Os documentos da comissão das relações externas já não passaram por mim, porque quando lá cheguei a comissão já estava a trabalhar na documentação sem sequer com o meu aval. Logo, é um acto negativo.”
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