Mais de cem mil portugueses deixaram em 2015 o país que os viu nascer - ou o adoptaram - devido à crise económica mundial, mas também incitados pelos próprios governantes de Lisboa. Muitos daqueles portugueses optaram por Angola como forma de fugir ao desemprego, à penhora da casa, à fome, à miséria. De manterem os filhos na escola, de se realizarem profissionalmente. Em suma, fizeram-se à vida que lhes era negada no seu país.
Tudo isto, continua a ser ignorado em vários círculos políticos portugueses. A má-língua lusitana abrange a maioria dos quadrantes políticos e ideológicos. A maioria destes destiladores de raivas contra Angola tão-pouco se dá ao trabalho de olhar para o lado. Se o fizessem talvez encontrassem forma de resolver de forma mais sã recalcamentos, invejas, frustrações que os atormentam, mesmo que desobedecessem a quem lhes paga para desempenharem o papel que aceitam ter. Mas, tal postura dava-lhes trabalho. É mais fácil caluniar, mentir, servir de câmara de eco de frases feitas, como a falta de diversificação da economia para a situação menos boa que vivemos. Como se os malefícios da crise económica internacional somente nos afectasse a nós, como se fôssemos a única nação a privilegiar determinado produto para o seu desenvolvimento.
Para estes arautos da calúnia, ascendemos à Independência num clima de paz, sem invasões armadas, sem interesses internacionais a quererem impor-nos interesses, que fizessem de Angola mais uma coutada neo-colonial. Após quase 14 anos de guerra contra o colonialismo fomos de imediato obrigados a opor-nos a outro inimigo para mantermos vivo e materializarmos o sonho de uma Pátria soberana, intacta nas suas fronteiras. Tal determinação custou-nos muitas vidas. Cada uma delas indubitavelmente mais valiosas que todos os poços de petróleo do mundo juntos, que qualquer riqueza. Uma vez mais ganhámos, derrotámos o inimigo. Mesmo durante aquele tempo de martírio e heroicidade, fomos desenvolvendo o país. Após a conquista da paz prosseguimos o combate pelo bem-estar de todos nós, independentemente de origens sociais e geográficas, de diferenças ideológicas e partidárias. Não esperámos que o preço do crude baixasse, com todas as consequências que isso trouxe. Quando a tempestade nos bateu à porta, já tínhamos começado a erguer os diques para a conter e éramos auto-suficientes em alguns dos produtos essenciais.
O petróleo ajudou-nos e há-de ajudar a melhorar cada vez mais Angola. Estupidez era termos sido bafejados pela natureza com aquele bem e desprezarmos essa dádiva em detrimento do nosso desenvolvimento. É com ele, em grande parte, mas não apenas, que estamos a fazer este país. Para nós, mas também para os estrangeiros que aqui encontraram o trabalho que na maioria dos casos não tinham de onde vieram.
Os que em Portugal têm por missão caluniar-nos deviam falar com estes seus concidadãos que em Angola começaram ou refazem a vida. E interrogarem-se por qual motivo 110 mil dos seus compatriotas apenas em 2015 foram para o estrangeiro. E já agora, quantos angolanos emigraram naquele mesmo ano.
Angola serviu-se do petróleo para começar a recompor-se das guerras devastadoras de que foi vítima, mas nunca desinvestiu noutros sectores. Antes pelo contrário, como demonstram números oficiais. Portugal serve-se do sol que a natureza lhe oferece, para desenvolver a indústria do turismo, mas abdicou de outras fontes de receita. Como é o caso, entre outros, da agricultura e da pecuária. Por isso importa 95 por cento dos cereais que consome e os produtores de leite têm de deitar parte dele fora.
Quando um dia o petróleo acabar em Angola, ainda temos outras riquezas e uma economia mais diversificada. E se, por capricho da natureza, o sol desaparecesse de Portugal?!
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