Editorial do dia de Natal desfere mais uma série de críticas a Portugal. Editor José Ribeiro acusa o país "apunhalar" Luanda "pelas costas", tratando os angolanos como "seus escravos"
O editorial do J
ornal de Angola do dia de Natal, 25 de dezembro, acusa
Luaty Beirão de ser financiado pelo multimilionário George Soros e, mais uma vez, tece uma série de críticas a Portugal. José Ribeiro, que assina o artigo, carrega nos adjetivos pejorativos para caracterizar a posição de Lisboa para com Luanda.
Quarenta e um anos depois da independência de Angola, as elites portuguesas continuam a tratar-nos com má educação, como se ainda fôssemos seus escravos. A forma execrável como trataram Angola por causa do caso dos “Revus”, e em particular do cidadão português Luaty Beirão, investigado e acusado de crimes graves em Angola, é característica dessa atitude de Lisboa. As punhaladas portuguesas são históricas".
O sexto parágrafo arranca assim e toca também em Isabel Moreira, deputada do PS "por ser filha de quem é, Adriano Moreira, antigo ministro do Ultramar".
Depois, volta a Luaty e ao grupo de amigos que foram presos e julgados pela justiça angolana. Acusa-os de serem "financiados pelo multimilionário George Soros", com o objetivo de "mobilizar forças para a realização de actos de violência e de terrorismo muito semelhantes aos praticados em Paris, Nice, Berlim". Dá esses exemplos remetendo para a postura dos 'revus', que acusa de terem organizado "manifestações selvagens que degeneraram em confrontos com a polícia angolana, que respondeu de maneira equilibrada, comparada com a intervenção musculada das forças da ordem na Europa".
Compara ainda a forma de tratamento de Luaty Beirão à do Presidente angolano, por parte do Parlamento português. "A Assembleia da República Portuguesa tem todo o direito de acolher de braços abertos o cidadão português Luaty Beirão. Tem até o direito de o receber com mais cordialidade do que tratou o Chefe de Estado angolano, alvo também da falta de educação recorrente dos nervosos deputados portugueses em relação aos estrangeiros. Mas quando a Assembleia da República Portuguesa e o Governo português apenas recebem bem os inimigos da paz em Angola não podem dizer que as relações com Angola são fraternas. Aos irmãos não se apunhala pelas costas".
E insiste que as "punhaladas portuguesas" vão mais além. Fala até da construtora Mota-Engil, contratada em 2015 para "reabilitar todos os passeios e ruas da cidade de Luanda". Acusa a empresa de ter vedado com alcatrão a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas. Algo que, com as "fortes chuvas" culminou em cheias nas ruas e "crateras nos esgotos que ainda hoje se vêem". Atribui-lhe mesmo a responsabilidade pelo surto de febre-amarela que se seguiu.
As exigências do BCE sobre a redução da
exposição a Angola por parte dos bancos portugueses também é chamada no final do texto, com o editor a ironizar que essa questão é vista “apenas quando convém”. E acrescenta que “os cidadãos angolanos continuam a meter rios de dinheiro na economia portuguesa, mas nas lojas angolanas vendem-se cada vez mais produtos podres provenientes de Portugal”. O texto termina enfatizando as “punhaladas pelas costas” e que em dias de Natal é “bom recordar quem são os amigos da onça”.