Quando Coréon Dú apresentou no dia 19 de Agosto de 2010, o maxi single do CD “The Coréon experiment”, em concerto promocional no restaurante Miami Beach, estavam lançadas as bases para o início de uma fulgurante carreira musical, com resultados inusitados ao nível da fusão e experiências inovadorascom a tradição rítmica do semba na canção “Lemba”, um tema de André Mingas.
Coréon Dú foi um dos premiados da primeira edição da Gala “Prémio Arte e Excelência” realizada no dia 16 de Dezembro de 2016, um certame que tem como objectivo reconhecer o talento das personalidades que têm primado pela excelência e projecção internacional do seu trabalho, nos mais variados domínios profissionais, com destaque para a comunicação social, música, moda e literatura. Um dos distinguidos da gala foi o cantor e compositor Coréon Dú, que recebeu um Certificado de Excelência pelo seu contributo “no engrandecimento e reconhecimento internacional da cultura angolana, nos domínios da moda, cinema, dança, música, produção de telenovelas, e programas de televisão.”
Nesta noite ficou mais uma vez confirmada que a musicalidade de Coréon Dú, concretizada no seu primeiro CD, “The Coréon Experiment”, vem traduzindo a personalidade de um artista versátil, aberto ao mundo, sem fronteiras estilísticas, e claramente inclusivo na concepção e absorção de múltiplas tipologias musicais.
Na nossa modesta perspectiva, a participação de Coréon Dú na IV edição do “Luanda Internacional Jazz Festival”, em Julho de 2012, ao lado de grandes nomes do jazz angolano e internacional como Concha Buika, Boyz II Men, Marcus Miller, Totó e Sara Tavares, e o concerto na “Noite Angola edição 2011”, realizada no Centro Cultural e Recreativo Kilamba, ocasião em que dividiu o palco com Patrícia Faria, Edy Tussa e C4 Pedro, foram dois grandes momentos que consagraram e deram solidez criativa à carreira de Coréon Dú. Diríamos então que o amor à arte, a prática constante e a vontade de vencer, são os pressupostos que têm ditado a maturação artística de Coréon Dú, ao longo dos seus seis anos de carreira musical, contados desde o lançamento do seu primeiro CD.
Concerto
Coréon Dú celebrou a atribuição do seu Certificado de Excelência e dos vários profissionais da arte e da cultura distinguidos, com um concerto em que demonstrou o seu virtuosismo, caracterizado por muitas qualidades, das quais destacamos as seguintes: mobilidade calculada em palco, controlo e flexão da voz nos momentos altos e baixos do canto, a manipulação do microfone para efeitos de maior ou menos intensidade sonora, e o alinhamentoda tipologia das canções, numa perspectiva rítmica crescente. No concerto, reaproveitado para sua homenagem, Coréon Dú revisitou canções dos álbuns “The Coréon Experiment”, 2010, e “Binário”, 2014, tendo interpretado as canções “Refrão o que eu quero”, “Sol raiar”, “Sexta feira”, “Love explosion”, “Ilha”,“El amor”, “No más”, “Lemba”, “Bailando kizomba”, e “Que pasó”, acompanhados pelos instrumentistas Nsangu Nzanza, guitarra, Kris Kasinjombela, baixo eléctrico, Venâncio, teclas, Alexandre, percussão, Djibra, bateria, José, teclas, Madrilena e Rosa, nos coros.
Percurso
Filho de José Eduardo dos Santos e de Maria Luísa Abrantes, José Eduardo Paulino dos Santos, Coréon Dú, nasceu em Luanda no dia 29 de Setembro de 1984. Embora seja herdeiro de uma genealogia musical proveniente do sector mais representativo da história da canção política, por parte do seu pai que foi compositor, cantor e guitarrista do histórico agrupamento “Nzaji”, e pelo refinado gosto musical e interesse pelas artes, da parte da mãe, Coréon Dú descobriu a sua propensão para o canto aos 13 anos de idade, tendo participado no coral universitário, como segundo tenor da “Loyola Univeristy New Orleans”, durante a frequência do seu curso de Comunicação Social e Gestão. Formado em Ciências da Comunicação e Gestão de Empresas pela “Loyola University New Orleans”, em 2006, Coréon Dú fundou a Semba Comunicação, onde, tem sido o produtor, e director criativo de inúmeros projectos. Em 2010, concluiu o “Masters of Art in Dance Theatre: The Body in Performance”, na prestigiada “Trinity Laban Academy of Music and Dance”, em Londres.
Genealogia
Coréon Dú descende de uma importante genealogia musical angolana. Liceu Vieira Dias, primo do seu avô, foi membro fundador do conjunto Ngola Ritmos. Por sua vez Carlitos Vieira Dias, filho do Liceu Vieira Dias, desempenhou um papel fundamental ao apresentar Coréon Dú, seu sobrinho, a Filipe Mukenga e Filipe Zau, dois importantes compositores angolanos. Os dois escreveram as canções, “Serpente” e “Ilha”, respectivamente, temas que se tornaram grandes êxitos do primeiro álbum de Coréon Dú. André Mingas, sobrinho de Liceu Vieira Dias, foi também uma importante força motora na carreira de Coréon Dú, ao escrever “Lemba”, canção referencial no repertório do cantor. O primo do pai, Beto Gourgel, foi um dos mais conhecidos comediantes e músicos. O seu filho, Kizua Gourgel, é um cantor e compositor importante da nova geração da renovação estética. No início do ano 2000, as primeiras aparições públicas de Coréon Dú aconteceram com a banda de Kizua Gourgel, durante alguns dos seus concertos nas discotecas de Luanda.
Maturidade
A resposta laudativa da crítica especializada e da opinião pública credível, depois do soberbo concerto do Coréon Dú realizado por ocasião da IV edição do “Luanda Internacional Jazz Festival”, em 2012, quebrou o cepticismo criado à volta do perfil artístico do cantor e compositor, que vem se impondo de forma natural e vertiginosa, junto dos sectores mais exigentes do mercado musical angolano e internacional. De facto, uma avaliação imanente do conjunto da obra e do talento de Coréon Dú, sem o vulto negativo das associações, revela-nos um cantor preocupado com a qualidade da sua prestação artística, ao nível da flexão vocal, lirismo na construção textual, pertinência na selecção dos temas que aborda, aliada a uma preocupação em estilizar o cancioneiro tradicional, socorrendo-se, pontualmente, do contributo de compositores consagrados da Música Popular Angolana.
Realizações
O contexto e a educação familiar, explicam parte da personalidade musical de Coréon Dú. Enquanto promotor e director criativo, Coréon Dú dedica-se profissionalmente ao ramo cultural em Angola, desde 2001, com a Z|E Produções em projectos ligados à moda e à produção de eventos que o introduziram para o trabalho com música, teatro, televisão, e dança.
No conjunto das suas realizações destacamos: “Bounce”, concurso de dança do segundo canal da Televisão Pública de Angola, Teatro, produção e criação de figurinos da peça “Jacto de Sangue”, 2003, e organização do projecto, “Mergulho no Teatro”, workshop de formação de cerca de 200 actores, criação do Festival Internacional I Love Kuduro, e, no domínio da moda, o “Elite Model Look Angola”, 2010.
O cinema e televisão estão no foco das atenções de Coréon Dú. É assim que surgiu o “Eu na TV”, 2007, um projecto que visa descobrir jovens talentos anónimos. “Momentos de Glória”, 2009, curta-metragem, experimental, que retracta vários momentos caricatos do quotidiano e imaginário angolano, indicado para o prémio de melhor curta experimental, no Festival de Cinema Independente de Oaxaca, tendo participado no “Wild sound Festival” e “Cannes Short film Corner”. Recentemente, a Semba Comunicação realizou o filme Rainha Nginga, 2014, e o documentário “Bangaologia”, 2016.
Solidariedade
Artista solidário, Coréon Dú esteve directamente ligado ao projecto “Droga, diga não”, em 2005, uma iniciativa social que envolveu músicos, profissionais da saúde e a media angolana em prol do debate aberto sobre a toxicodependência, que teve continuidade com a iniciativa “Delinquência, estou fora” que abordou a delinquência juvenil em Luanda e o consumo excessivo do álcool.
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