Duas mil pessoas vivem em tendas, sem luz, água e serviços de saúde e o governador diz não ter blocos para construir nada.
As vítimas das enxurradas de Março de 2015 na província de Benguela continuam a viver em tendas, numa urbanização sem água, electricidade, transporte e serviços de saúde.
São mais de 350 famílias, num total de 2.000 pessoas, que terão de enfrentar uma nova época chuvosa em condições deploráveis.
Quem se desloca à urbanização Biópio/Culango, município da Catumbela, observa um cenário aposto ao projectado pelo Governo na altura da transferência das famílias sinistradas.
“Quase dois anos depois, as pessoas continuam nas mesmas tendas, em más condições. Não há uma única casa distribuída, as famílias estão sem água, luz, saneamento, transporte e mercados’’, denuncia José Patrocínio, membro da OMUNGA, observador da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, que alerta para a chegada das chuvas.
No rescaldo de uma visita à zona dos Cabrais, Patrocínio transmitiu à VOA outras preocupações das famílias ali instaladas.
“Não há qualquer informação. As pessoas não veem material de construção no local, não conhecem as razões para a paralisação das obras e não sabem se as casas serão erguidas’’, realçou o activista.
Em entrevista à Rádio Benguela, o governador provincial, Isaac dos Anjos, fez saber que não há dinheiro nem mesmo para a compra de blocos.
“Estou a precisar de 400 mil blocos, só 400 mil. Eu preciso de concluir a urbanização Biópio/Culango’’, salientou, num apelo dirigido à sociedade em geral e, particularmente, à classe empresarial.
A quantidade é avaliada em 36 milhões de kwanzas, cerca de 250 mil dólares norte-americanos.
Nos últimos anos, a província de Benguela, só suplantada por Luanda, viu o seu orçamento aumentar, pelo menos no papel, para 90 mil milhões de kwanzas, valor que um dia chegou a ser equiparado a 90 milhões de dólares norte-americanos.
VOA
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