A Polícia de Guarda Fronteira apreendeu, no mercado do Luvo, província do Zaire, mais de 30 mil litros de combustível entre gasolina, gasóleo e petróleo iluminante, destinados ao tráfico.
Na sequência, as forças da ordem expulsaram 300 estrangeiros em situação ilegal no país.
O comandante da Policia Nacional no Zaire, comissário Manuel Gouveia, disse ao Jornal de Angola que a violação das fronteiras e o tráfico de combustíveis ganham contornos perigosos na província.
Manuel Gouveia apresentou à imprensa bidões de 20 e tambores de 200 litros, mais usados pelos contrabandistas, assim como 38 indivíduos implicados no negócio, dosquais 27 provenientes do Congo Democrático e 11 angolanos.
Nos últimos dias, as duas bombas de combustíveis da cidade de Mbanza Congo, uma da Pumangol e outra da Sonangol, registaram grandes enchentes, sobretudo, de automobilistas e donos de geradores, que compram cada bidão de 20 litros de gasolina por 3.200.00 kwanzas.
Parte desse combustível é enviada para a fronteira do Luvo, de onde segue para a capitalcongolesa, Kinshasa. Aqui, de acordo com algumas fontes, chega a custar 25 dólares aunidade de 20 litros.
A Polícia Fiscal apreendeu, em 2015, sete milhões de dólares a apenas um Indivíduo, de identidade duvidosa, que pretendia atravessar a fronteira com destino à República Democrática do Congo.
Manuel Gouveia deslocou-se ao Luvo com orientações precisas sobre o combate às diferentes formas de crime, que tem, em muitos casos, a participações de cidadãosnacionais. A desculpa mais apresentada por estes, nos breves contactos com o Jornal de Angola, foi a crise económica que o país vive e a escassez de divisas.
O comissário referiu que, além do combate ao crime, a Polícia Nacional faz asensibilização dos cidadãos para que se mantenham vigilantes. Os angolanos detidos pela primeira vez são perdoados e advertidos, disse Manuel Gouveia.
Os contrabandistas utilizam caminhos e picadas desenfiados, sobretudo, durante à noite, por onde procuram transpor a fronteira com combustíveis e produtos da cesta básica.
Combustível apreendido
A maior parte do combustível apreendido é adquirida nas bombas oficiais. Ocomandante referiu que a aquisição de tais produtos nesses estabelecimentos é umdireito dos cidadãos.
“Não podemos determinar as políticas da venda de combustíveis aos funcionários das bombas, porque a Sonangol é uma concessionária estatal, legal, habilitada para o efeito”, disse Manuel Gouveia.
O problema está no fim dado ao produto, já que muitos “compram para obter lucros fáceis. Isso é proibido”, disse. A Polícia combate o tráfico e os combustíveis apreendidos são revertidos para a Sonangol.
À saída do encontro de meia hora, à porta-fechada, com o responsável congolês da Imigração, o comandante provincial da Polícia no Zaire, disse que as relações de cooperação entre as autoridades de Angola e do Congo Democrático são “boas”, mas a fronteira regista pequenos actos de violação.
Disciplina policial
A imigração ilegal e o contrabando de produtos na fronteira são permanentes. A fronteira, na província do Zaire, tem 120 quilómetros de extensão terrestre e 190 quilómetros fluvial e marítima, desde o município do Nóqui até à Ponta do Padrão, no Soyo, onde Diogo Cão desembarcou em 1482. Há que contar ainda com os canais clandestinos, chamados “fiotes”.
Manuel Gouveia acrescentou que a “elavada responsabilidade” da Polícia Nacional nocombate à criminalidade, que “exige elevado grau de personalidade e concentração ao sagentes, de modo a evitar o contágio das manobras de corrupção”, deve merecer o apoiode toda a população. “Como agentes da segurança pública, somos chamados para combater energicamente oscidadãos que não passam pela via principal e oficial, onde se exerce o comércio regular.
Descobriram outros caminhos “fiotes”, por onde transportam mercadoria proibida,sobretudo, produtos da cesta básica, combustíveis, drogas e divisas”, frisou.
Ao agente da Polícia exige-se alto nível de conduta e discernimento para compreenderos fenómenos. “Há um esforço por parte das autoridades policiais que labutam nafronteira”, observou o comandante, para quem a situação actual exige que se redobrem os esforços para conter as irregularidades.
O comandante provincial da Polícia Nacional no Zaire pediu às autoridades do país vizinho mais controlo e um esforço redobrado no combate ao trafico na fronteira.
“Queremos que haja correspondência entre as forças policiais de Angola e do Congo”, afirmou.
Além do tráfico de divisas, Manuel Gouveia chamou a atenção para os casos de tráfico de seres humanos, registados na fronteira do Luvo. Esse foi um dos principais debatidos na reunião com o responsável da imigração congolesa nas instalações do Serviço de Migração e Estrangeiros, naquela localidade.
O comandante da Polícia Nacional no Zaire defendeu, na ocasião, uma melhor colaboração entre as polícias dos dois países para garantir a seguranças dos cidadãos.
Para Manuel Gouveia, é preciso aumentar a troca de informações. Do lado das autoridades angolanas, todas as garantias foram dadas.
“O combate à imigração ilegal e ao contrabando de mercadorias proibidas tem merecido um controlo cerrado, através de acções operativas nos novos canais clandestinos, por onde os prevaricadores infiltram combustíveis e produtos da cesta básica, com o fito de serem comercializados no seu país”, afirmou o comandante provincial.
JA