domingo, 13 de novembro de 2016

Ativista Luaty Beirão publica diário de prisão em novembro




Este diário teve de fazer uma longa viagem desde uma cela na Prisão de Calomboloca, em Luanda, mas acabou de chegar.

O diário de prisão do ativista luso-angolano Luaty Beirão será publicado pela Tinta-da-China no final de novembro, disse esta segunda-feira à agência Lusa a diretora editorial, Bárbara Bulhosa. "Vou publicar no fim de novembro o diário de prisão, aquilo que o Luaty escreveu enquanto esteve preso, embora não tenhamos todos os cadernos que ele escreveu, porque alguns ficaram retidos pelos guardas prisionais e ele não consegue recuperá-los", indicou.
Luaty Beirão foi um dos 17 ativistas detidos em junho de 2015 em Luanda e condenados em março deste ano pela justiça angolana a penas de prisão entre dois anos e três meses e oito meses e meio por "rebelião e associação de malfeitores", provisoriamente libertados em junho e depois abrangidos por uma amnistia geral.



O diário do ativista de 34 anos, uma das vozes mais críticas do regime angolano liderado por José Eduardo dos Santos contém, por exemplo, "listas do que ele precisava para comer, porque na prisão -- e ele esteve em várias --, não aceitava nenhuma comida dada pelos guardas prisionais, por haver um grande risco de ser envenenado", revelou a editora.
"Ele só comia aquilo que a família lhe levava - e que tinha de poupar muito - e descreve as celas, os ratos nas celas, a vida na solitária, o que ouvia nas outras celas... É muito impressionante o relato dele", observou.
Além do diário original, o livro incluirá também uma longa entrevista do Carlos Vaz Marques ao 'rapper' e engenheiro eletrotécnico luso-angolano, a solução considerada pela editora "a mais interessante para contar a história do Luaty".
"Na entrevista, o Luaty vai relatar o resto, aquilo que não está no diário, desde o processo à prisão, à greve da fome e, agora, a esta amnistia e àquilo que ele quer fazer no futuro com o que se tornou -- porque se tornou, de facto, o símbolo da libertação de Angola", frisou Bárbara Bulhosa.

LUSA