AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 04 Novembro 2015:
As peças foram compradas pela Fundação Sindika Dokolo para o Museu do Dundo, no norte do país.
Duas máscaras Pwo e uma estátua rara de uma figura masculina, datadas do final do século XIX, início do século XX, foram as aquisições de Sindika Dokolo para a coleção do Museu Dundo, de acordo com um comunicado da Fundação.
As peças foram compradas a colecionadores europeus e, segundo o comunicado, foram retiradas do país durante a guerra civil. Voltarão ao museu, onde estiveram pela última vez. A instituição detém uma coleção de obras etnográficas de madeira, máscaras e esculturas, assim como registos sonoros e fotográficos dos Chokwe desde 1880. Não foram revelados os valores desta transação.
Durante a guerra civil de Angola, entre 1975 e 2002, muitas obras de arte desapareceram do museu, assim como documentação que permita saber o número exato de obras que faziam parte do acervo. A sua localização é também um mistério, frisa o comunicado enviado às redações pela agência Dash & Rallo, que trabalha com a Fundação Sindika Dokolo na aquisição destas peças de arte clássica africana.
Os Chokwe são originários do norte de Angola e sul do Congo e é lá que se encontra o museu Dundo, no nordeste de Angola e a 24 km da República Democrática do Congo, de onde é originário Sindika Dokolo. O empresário vive em Angola e é casado com Isabel dos Santos.
Fazer regressar estas obras a Angola é um dos objetivos de Sindika Dokolo, como explicou ao DN em fevereiro numa entrevista a propósito da abertura, no Porto, da exposição You Love Me, You Love Me Not, a partir das obras da sua coleção de arte contemporânea.
As obras agora adquiridas foram localizadas por um galerista sediado em Bruxelas, Didier Claes, e pelo francês Tao Kerekoff, assinala o comunicado. Chegaram até às obras através do trabalho da historiadora belga Marie-Louise Bastien (1918-2000), que estudou os Chokwe. As máscaras estavam no seu livro Art Décoratif Tsokwe: Museu do Dundo (1961). As fotografias tinham sido tiradas na Sala da Crença Animista.
"Sentimo-nos honrados de fazer regressar estas obras simbólicas", disse Sindika Dokolo, em comunicado. O empresário criou a Coleção Africana de Arte Contemporânea com o seu nome em 2004, em colaboração com Fernando Alvim. O acervo da coleção reúne obras de artistas africanos e outros, como Miquel Barceló, Andy Warhol ou Jean-Michel Basquiat.
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