Fonte: DW
A China pretende instalar bancos chineses no mercado angolano, no quadro da colaboração económica entre os dois países. Analistas mostram-se reticentes e sublinham a falta de transparência nas relações sino-angolanas.
No seguimento da visita oficial do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, à China, o Governo deste país anunciou hoje (09.06) que irá ajudar financeiramente Angola a superar as dificuldades causadas pela crise petrolífera. Porém, recusou precisar qual será o montante desta ajuda, declarando que se trata de uma questão confidencial.
Foi também avançada pela Secretária de Estado para a Cooperação, Ângela Bragança, após a V Comissão Mista de Cooperação Bilateral, a intenção de o governo chinês entrar na banca angolana a curto prazo.
Segundo Ângela Bragança, há igualmente o interesse da parte angolana em evoluir para a modalidade de cooperação no âmbito financeiro. A Secretária de Estado para a Cooperação afirma ainda que o governo angolano já fez chegar às autoridades chinesas uma proposta de Memorando de Entendimento para ser analisada.
Analistas criticam falta de transparência
Apesar de as autoridades angolanas se mostrarem otimistas quanto à entrada de bancos chineses no mercado angolano, alguns analistas e economistas independentes vêem com reticência este interesse chinês, devido à falta de transparência que tem pautado a relação entre os dois países.
Carlos Rosado de Carvalho, professor de economia da Universidade Católica de Angola e diretor do semanário Expansão, tem dúvidas acerca de quais serão as vantagens deste acordo.
A China quer instalar a curto prazo sucursais de alguns bancos de direito chinês em Angola, no quadro da colaboração económica entre os dois países, anunciou na quinta-feira passada, em Pequim, a delegação chinesa na Comissão Mista de Cooperação Bilateral.
A secretária de Estado para a Cooperação disse que Angola tem também interesse em evoluir para a cooperação no âmbito financeiro.
Ângela Bragança afirmou que, com base nesse interesse, Angola entregou à parte chinesa uma proposta de Memorando de Entendimento para ser analisada.
A secretária de Estado para Cooperação referiu está em aberto a discussão no domínio da promoção e protecção recíproca de investimentos, cujo acordo de formalização deve ser assinado este ano.
Em processo de negociação e aproximação de interesses, declarou Ângela Bragança, estão, entre outros, instrumentos jurídicos e os relacionados com a facilitação de vistos. A Secretário de Estado disse serem documentos que vão ser aprofundados por uma equipa mista. “Está proposto o delineamento de apoios concretos que vão dar uma moldura mais objectiva ao que Angola espera do financiamento do Governo chinês, sobretudo na óptica de obtenção de resultados”, salientou.
A par do aprofundamento da discussão de documentos, Angola pretende que mais empresas chinesas invistam no país em áreas ainda por serem definidas pelas partes.
Ângela Bragança disse ter sido estudado, com os representantes do parceiro asiático, outras modalidades de colaboração financeira para elevar a cooperação em várias áreas, incluindo na da avaliação de soluções inovadoras de investimento e financiamento.As relações diplomáticas entre Angola e China datam de 1983. Em 2014, o comércio entre os dois países ascendeu a 37,07 mil milhões de dólares.O chefe da Casa Civil exortou em Abril a China “a reforçar o investimento” em Angola nas áreas da energia, águas, agricultura, pescas e transportes para “consolidar a parceria estratégica” bilateral.
“A nossa parceria estratégica ganha ainda maior significado no actual contexto económico e financeiro internacional caracterizado pela incerteza”, disse Edeltrudes Costa num encontro com o vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang.
O chefe da Casa Civil referiu em particular “a queda do preço do petróleo”, que desde o princípio do ano tem afectado a economia angolana.
O secretário de Estado da Indústria, Kiala Gabriel, garantiu que Angola está a criar condições para atrair investimento da China, na base da transferência de tecnologias e da experiência de industrialização.
Kiala Gabriel, que falava no final da V Comissão Mista de Cooperação Bilateral Angola/China, realçou que Angola precisa de tecnologia moderna para a indústria do país poder aumentar a produtividade e atingir um nível elevado de competitividade, apoiando o processo de diversificação da economia.
O secretário de Estado da Indústria disse à Angop que os representantes do gigante asiático manifestaram interesse em investir também nos sectores siderúrgico, de produção de cimento, automóvel, de produção de vidro plano, entre outros.A secretária de Estado da Economia, Laura Alcântara, sublinhou que Angola espera receber da China mais investimentos para concretizar as metas traçadas no Programa de Diversificação da Economia em curso no país.
O Programa de Diversificação da Economia, contido no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2013/2017, divide-se em projectos estruturantes específicos. A secretária de Estado disse que com estes projectos pretende-se que sejam desenvolvidos os “clusters” prioritários dentro do PND, por constituírem a base do Programa de Aceleração da Diversificação. (Jornal de Angola).