A compra de dólares nas ruas de Luanda disparou nos últimos dias com as novas restrições ao levantamento nos balcões dos bancos comerciais e o mercado informal já cobra o dobro da taxa de câmbio oficial.
A compra de dólares nas ruas de Luanda disparou nos últimos dias com as novas restrições ao levantamento nos balcões dos bancos comerciais e o mercado informal já cobra o dobro da taxa de câmbio oficial.
Numa ronda realizada hoje pela agência Lusa nas ruas de Luanda, as ‘kinguilas’ angolanas, mulheres que se dedicam à negociação informal de dólares, confirmaram que a situação atual já obriga a revisão da taxa de câmbio ao longo do dia, para acompanhar a procura.
“De manhã tem um preço [para comprar dólares], à tarde pode ter outro. E depois depende da negociação de cada pessoa”, confessa Rosa, uma destas ‘kinguilas’, dando conta que, neste momento, está a vender cada nota de dólar norte-americano a 270 kwanzas (1,8 euros), valor que não para de subir.
Já o Banco Nacional de Angola mantém há cerca de um mês a taxa oficial de câmbio, para venda aos clientes, em 135,984 kwanzas (94 cêntimos de euro) por cada dólar norte-americano.
Contudo, alguns bancos comerciais passaram a limitar este mês os levantamentos de dólares aos balcões a um máximo de 1.000 dólares (940 euros) semanais, voltando a fazer disparar a procura e as taxas na rua, como alternativa.
Ainda no centro de Luanda, outras ‘kinguilas’ contactadas pela Lusa conseguem vender cada nota de dólar a 260 kwanzas, mas não se comprometem com o futuro. “Amanhã não sei como vai estar, ninguém pode dizer até quanto vai subir”, atira outra destas mulheres, conhecidas por passarem o dia nas ruas, a trocar kwanzas pelos poucos dólares disponíveis nesta altura.
Por cada nota norte-americana, estas mulheres estão agora a ganhar (diferença entre a compra e a venda) à volta de 3.000 kwanzas (21 euros), mas quando conseguem fazer negócio, dada a escassez da moeda estrangeira.
Na origem do problema está a crise com exportação de petróleo, que devido à redução da cotação internacional do barril de crude fez diminuir para metade as receitas de exportação de Angola, provocando uma crise económica e financeira, mas também fazendo cair drasticamente a entrada de divisas no país.
Essas divisas são necessárias, por outro lado, para garantir importações de produtos e bens alimentares por Angola, mas também para o envio de remessas para o estrangeiro, para despesas de saúde ou de educação e até nas viagens, sobretudo com o aproximar da época de Natal.
Os dólares são também utilizados para o envio de remessas (em nota física) por trabalhadores estrangeiros para os países de origem.
Além destas dificuldades, a oposição angolana denunciou nos últimos dias que está em preparação a conversão de contas bancárias em moeda estrangeira, em bancos angolanos, para a moeda nacional.
Tag: Dolar Luanda, Quinguilas em Luanda.
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