"Liberdade já" foi a palavra de ordem mais ouvida na vigília pela libertação dos 15 ativistas políticos presos em Angola, que decorreu na quarta-feira, em Lisboa. Rita Redshoes, Mayra Andrade e Maria Gadú juntaram-se às centenas de pessoas empunharam cartazes entre fortes críticas à repressão do regime de José Eduardo dos Santos.
Os ativistas estão presos desde junho e só terão sido informados da acusação - de tentativa de prepararem um golpe de Estado - em outubro, quando já estavam ultrapassados os 90 dias previstos pela lei angolana para detenções sem formulação de acusação.
O caso que está a motivar maior preocupação é o de Luaty Beirão, um rapper luso-angolano que está em greve de fome há 25 dias como forma de protesto contra o considera ser uma detenção ilegal. Segundo Serena Mancini, irmã de Luaty, o músico ativista "está com problemas na fala, não se aguenta bem em pé e ontem [terça-feira] deu uma queda e perdeu a consciência por uns minutos".
A Amnistia Internacional, que já reuniu 28 mil assinaturas na petição pela libertação dos ativistas, congratula-se pela atenção que a sociedade civil tem dado ao caso e espera que o governo seja mais interventivo. "O Estado Português, enquanto membro do Conselho de Direitos Humanos da ONU, tem aqui a grande oportunidade de fazer ouvir a sua voz e contribuir para uma melhoria da situação dos Direitos Humanos no mundo", defendeu Teresa Pina, dirigente desta organização não-governamental.
Entre as vozes críticas ao papel do Ministério dos Negócios Estrangeiros esteve a deputada do PS Isabel Moreira, que considera a posição oficial "indigna". "Não há graduações de Direitos Humanos consoante as relações comerciais e diplomáticas".
O jornalista e ativista angolano Rafael Marques, condenado a uma pena suspensa de seis meses por difamação, também se juntou ao protesto: "Prender jovens que estão a ler livros é dos maiores crimes que um regime ditatorial pode cometer".
Ao seu lado estiveram também o escritor José Eduardo Agualusa, as cantoras Rita Redshoes, Mayra Andrade e Maria Gadú, o músico Kalaf Epalanga e o deputado do CDS-PP José Ribeiro e Castro.