Confirmou que Luaty Beirão, que já não se movimenta pelos próprios meios, “ainda está lúcido” e que inclusive escreveu uma carta, à qual a Lusa teve acesso, com procedimentos à família no caso do agravamento do seu estado de saúde ou mesmo a morte.
“Ele é assim, uma pessoa muito convicta, muito vertical, no que toca à defesa dos seus direitos. Nada mais podemos fazer em relação a isso”, acrescentou Mónica Almeida.
Em causa está a situação de um grupo de 17 jovens – duas em liberdade provisória – acusados formalmente, desde 16 de setembro passado, de prepararem uma rebelião e um atentado contra o Presidente angolano, mas sem que haja uma decisão do tribunal de Luanda sobre a prorrogação da prisão preventiva em que se encontram.
Denunciando que está detido ilegalmente, por se ter esgotado o prazo máximo de 90 dias de prisão preventiva (20 de junho a 20 de setembro) sem nova decisão, Luaty Beirão, também engenheiro de formação, entrou em greve de fome.
A família de Luaty afirma que o ativista – que assina com os heterónimos musicais “Brigadeiro Mata Frakuzx” ou, mais recentemente, “Ikonoklasta” – corre “risco de vida”, face à frágil situação de saúde, sendo, por isso, o foco principal das vigílias que se realizaram na última semana em Luanda e que levaram à intervenção policial para a sua desmobilização.
Luaty Beirão é um dos rostos mais visíveis da contestação ao regime angolano e já chegou a ser preso pela polícia em manifestações de protesto.
É filho de João Beirão, já falecido, que foi fundador e primeiro presidente da Fundação Eduardo dos Santos (FESA), entre outras funções públicas, sendo descrito por várias fontes como tendo sido sempre muito próximo do Presidente angolano.