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As investigações que estão a ser realizadas no Brasil a construtoras destes país estão a preocupar Angola diz a Economist Intelligence Unit. Esta unidade de análise da The Economist diz que Angola enfrenta riscos reputacionais e de deminuição do investimento.
A Economist Intelligence Unit (EIU) considera que Angola está inquieta com as investigações de corrupção no sector da construção no Brasil devido às ligações com o poder político angolano e à importância destes investimentos no desenvolvimento da economia.
"As ligações com o Brasil e o papel que companhias como a Odebrecht e a Petrobras tiveram na reconstrução e desenvolvimento do país a seguir à guerra civil, e a extensão do contacto pessoal entre o Brasil e o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, e a elite das autoridades, parece apresentar um novo risco para a reputação" do país, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.
Na nota enviada aos investidores, e a que a Lusa divulgou esta segunda-feira, 14 de Setembro, os analistas acrescentam que para além do risco reputacional, Angola enfrenta ainda o risco de os investimentos brasileiros no sector da construção poderem abrandar devido às consequências das investigações em curso no Brasil não só sobre o mega-processo Lava-Jato, mas também sobre alegadas más práticas das construtoras brasileiras em África.
"Além do mais, se as investigações no Brasil levarem a uma redução das operações domésticas destas empresas, isto pode ter um efeito negativo no setor da construção em Angola, que já está a abrandar por causa dos cortes na despesa pública causadas pela descida do preço do petróleo, uma fonte fundamental na receita do Estado", escrevem os analistas da EIU.
Na análise às consequências das investigações à conduta das empresas brasileiras, nomeadamente subornos e lavagem de dinheiro, para além de uma análise da gestão dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), a EIU afirma que Angola está "inquieta", lembrando que a Petrobras e dois gigantes da construção, a Odebrechet e a Andrade Gutierrez, que estão sob investigação por alegadas irregularidades financeiras, "estão por trás de vários grandes projectos em Angola, uma boa parte dos quais foram financiados pelo BNDES".
A Odebrecht, lembra a EIU, está em Angola desde os anos 80, com contratos em vários sectores, incluindo a construção, a indústria agroalimentar e as minas, sendo o maior empregador privado em Angola.
O director executivo da construtora, Marcelo Odebrecht, foi formalmente acusado no Brasil de corrupção e de lavagem de dinheiro em Julho, e foi também condenado pelos tribunais brasileiros de importar ilegalmente trabalhadores para Angola, onde eram "forçados a trabalhar em condições desumanas", diz a EIU.
Em Junho deste ano, o Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil (BNDES) divulgou o conteúdo de contratos de financiamento a Angola envolvendo as maiores construtoras daquele país. Segundo o jornal Estado de São Paulo divulgou então, esses contratos haviam sido mantidos em segredo, o que motivou protestos, tanto junto dos governos de Lula da Silva como do actual, liderado por Dilma Rousseff. De acordo com este jornal, entre 2007 e 2015 o Brasil emprestou a Angola, através do BNDES, 3,38 mil milhões de dólares.
As verbas, destinadas à execução de obras, beneficiaram empresas como a Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Prado Valladares. Entre os projectos financiados contam-se a construção de um aeroporto, estradas, projectos de saneamento, linhas de transmissão e barragens.
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