segunda-feira, 14 de setembro de 2015

DERRAME DE PETRÓLEO NO MAR DE CABINDA



AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 14 Setembro 2015:
Dr / JA

As manchas de petróleo que desde quinta-feira se observam na zona sul da costa de Cabinda não representam risco para o ecossistema marinho nem comprometem a actividade piscatória, afirmou ontem Daniel Tati Luemba, da Secretaria Provincial do Ambiente.

No final de uma inspecção no local, na sequência  de uma denúncia de pescadores, o  ambientalista reconheceu a existência de um vazamento de petróleo numa pequena extensão, na praia da zona sul da cidade de Cabinda.
 “Houve algumas manchas muito insignificantes de derrame de petróleo. Constatámos esta realidade, mas a quantidade encontrada é ínfima e não exige qualquer tipo de intervenção”, assegurou.

Quanto à origem do derrame, Baniel Tati Luemba disse ser difícil identificar, porque a companhia petrolífera Chevron, que tem estado a notificar as autoridades quando acontece uma situação do género, nem se apercebeu da ocorrência. Os últimos registos de derrame de petróleo na costa de Cabinda remontam a 2011 e 2012.

Crime ambiental

O ambientalista Vladimir Russo alertou que os armadores e donos de embarcações abandonadas no mar, depois de atingirem o prazo de utilidade, devem ser responsabilizados por crime ambiental. 

Segundo o especialista, o abandono de embarcações constitui também um potencial contaminante do ambiente marinho, além de constituir um risco de saúde para pescadores e banhistas. Vladimir Russo falava à agência Angop, a propósito da transferência, quarta-feira, do navio petroleiro Gize do Porto de Luanda, onde afundava lentamente, para a praia do Sarico (Cacuaco), a cerca de 40 quilómetros a Norte de Luanda.

“Os principais problemas ambientais do abandono de navios no mar estão relacionados com o seu conteúdo. Muitas vezes os navios são abandonados no mar sem eles serem descontaminados. Devido à acção do vento, chuva, sol e outros factores naturais acabam por se degradar e resultar em despejos de substâncias perigosas no mar”, revelou o ambientalista.  Estas substâncias, disse, incluem maioritariamente combustível e lubrificantes, mas podem conter produtos químicos e materiais electrónicos, que poluem o ambiente marinho, afectando a fauna e a flora, assim como a qualidade de vida das populações. Quanto às embarcações abandonadas ao longo da praia de Sarico, o que levou o local a receber a nome de “cemitério de navios”, lembrou que estas existem um pouco por todo o Mundo, destacando o caso da Mauritânia como o mais problemático. 

Além deste país, existem também “cemitérios de navios” no Brasil, na América do Sul, nos Estados Unidos de América e na Ásia.

De acordo com Vladimir Russo, a melhor forma de evitar que as embarcações sejam abandonadas é promovendo a sua descontaminação e desmantelamento, uma vez que o seu metal pode ser reciclado. No “cemitério de navios” de Sarico foram abandonados mais de 50 embarcações em menos de 10 anos.

O petroleiro Gize, inoperante há oito anos, é o segundo navio depositado no local este ano pela capitania de Luanda e parceiros.

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