sábado, 12 de setembro de 2015

ANGOLANA DIZ QUE, PAÍS O CONTROLO DO ANTIGO COLONIZADOR


Augusto campos | Luanda, 12 Setembro 2015:

A direcção da migração entre as antigas colónias e os seus colonizadores é habitualmente arrebatadora numa direcção: Os nigerianos e o quenianos para Londres; Cameronianos e senegaleses para Paris; Congoleses para Bruxelas, e assim sucessivamente. As antigas colónias dirigem-se para os seus antigos territórios, procurando oportunidades económicas, ou apenas riqueza e estatuto.
Porém, Angola, contraria a tendência. Em 2011 existiam 21,563 Angolanos emPortugal, comparativamente aos 100,000 Portugueses que viviam em Angola. A atracção é evidente, a mesma razão que motiva as pessoas: ter uma vida melhor para si e para as famílias que deixam no país.
Neste caso, os Portugueses que fogem à austeridade e ao nível elevado de desemprego têm-se dirigido para Angola, que actualmente vive um forte crescimento.

A mudança das fortunas não só foi visível no balancete anual mas nas atitudes dos angolanos: orgulhosos da nossa presença em Portugal, orgulhosos por controlarmos o nosso antigo colonizador.
Os angolanos visitam Portugal com maior frequência e estão mesmo a investir em segundas habitações. Longe de casa, a narrativa sobre Angola está igualmente a mudar, os angolanos desfrutam da admiração e elogios dos estrangeiros. Quando alguém sabe que sou angolana, a resposta é quase sempre: “Vocês estão muito bem, não é assim?”
Mas, será este desenvolvimento credível? Os petrodólares começaram a distribuir-se; estão a ser construídas novas cidades completas; e estão a ser desenvolvidos planos para grandes centros comerciais. Mas isto foi o máximo que a maioria dos angolanos pode assistir deste novo crescimento económico. Angola tem a taxa mais elevada a nível mundial de mortalidade infantil abaixo dos cinco anos; em 2013, 36% da população vivia abaixo da linha de pobreza e o desemprego atingia os 26%.
À semelhança de muitos angolanos, e na verdade africanos, eu recebo de bom grado o reconhecimento que podemos conseguir operar a nível mundial. Mas sempre que a família e os amigos regressam a casa colocamos-nos as mesmas questões: por que não vemos esta riqueza e crescimento económico sobre o qual tanto lemos? Parece que os Portugueses em Angola não nos garantem a nossa grandeza mas lembram-nos da nossa fragilidade da nossa história de crescimento.
Podemos rir agora, mas os Portugueses que chegam com capital para iniciar um negócio encontram um local preparado nas classes médias da nossa nação. Angola pode estar a dominar o seu antigo colonizador, mas será este o verdadeiro rosto da nossa independência?

Tag: Economia Angolana Desenvolvimento Materia, Evolução da Economia Angolana.
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