AUGUSTO CAMPOS | LUANDA, 07 Agosto 2015:
DR / PUBLICO
O governo angolano e representantes do executivo chinês assinaram, na terça-feira, um acordo monetário ao abrigo do qual as respectivas moedas nacionais passam a ser aceites em ambos os países.
De acordo com o Jornal de Angola, o anúncio foi feito em Luanda pela ministra do Comércio, Rosa Pacavira, que destacou o facto de nunca outro país ter dado este passo. A governante, ainda de acordo com este jornal, disse que o facto de o kwanza começar a ser aceite nas aquisições do mercado angolano na China (e o yuan em Angola) é fruto dos recentes acordos estabelecidos entre os governos dos dois países e é “um dos grandes benefícios” das relações económicas estabelecidas entre Luanda e Pequim.
O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, fez no início de Junho uma visita oficial de vários dias a este país, e que inclui a assinatura de vários acordos, mas valor dos empréstimos chineses, e respectivas contrapartidas, ficaram por revelar.
Agora, a ministra do Comércio de Angola vem afirmar que este novo acordo monetário “leva a um aumento considerável das compras à China”, permitindo ultrapassar as dificuldades que o país atravessa por falta de divisas (devido à quebra dos preços do petróleo), e que afecta as compras ao exterior, já que as importações angolanas, como refere o Jornal de Angola, são feitas essencialmente em dólares.
Sendo um dos principais abastecedores de petróleo da China (este país compra cerca de metade do petróleo exportado por Luanda), Angola tem a balança comercial a seu favor, mas as vendas de produtos chineses para o mercado angolano têm vindo a subir, ao contrário dos produtos portugueses. Com o acordo monetário, a China assume um risco cambial, mas assegura um mercado para os bens produzidos pelas suas empresas.
No primeiro trimestre deste ano, segundo dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, e já noticiados pelo PÚBLICO, Portugal perdeu o estatuto de maior fornecedor deste país africano, tendo sido ultrapassado pela China e pela Coreia do Sul (embora neste último caso seja muito provável a existência de factores extraordinários). Entre Janeiro e Março, Angola importou 70.033 milhões de kwanzas (558,9 milhões de euros) de Portugal, menos 2,1% do que em idêntico período de 2014. Quando à China, o país asiático alcançou vendas para a Angola no valor de 107.601 milhões de kwanzas (859,2 milhões de euros).
Com estes resultados, Portugal passou a representar 10,9% das importações angolanas, quando no primeiro trimestre de 2014 tinha um peso de 18,4%, e a China passou a sua quota de mercado de 11,8% para 16,8%. Em 2012, Portugal tinha uma fatia de 18,7%, cabendo à China 12,2%.
Os últimos dados do INE português, relativos ao período de Janeiro a Maio deste ano, mostram que as vendas de bens para Angola desceram 25% face ao mesmo período de 2014, o que, em valor, representa uma quebra de 300 milhões de euros.
Tag: Moeda Kwanza Angola, Angola Moeda Nacional na China, Imagens de Moeda Kwanza.
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